Governo brasileiro negocia atração de fábrica de chips da Samsung

Ideia é que unidade fabril fábrica produza peças para abastecer indústria local, bem como exportar itens para países da América Latina, Europa e África

Estadão Conteúdo

Chip (Pok Rie/Pexels)
Chip (Pok Rie/Pexels)

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Os governos de Brasil e Coreia do Sul firmaram um memorando de entendimento para unir esforços em prol da atração de uma fábrica de chips e semicondutores que venha a ser instalada aqui. As negociações giram em torno da Samsung, uma das líderes mundiais do segmento.

A informação foi compartilhada pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, em entrevista à imprensa durante o Seminário 5G.BR, organizado pela própria pasta. “Temos um memorando de entendimento com o governo da Coreia do Sul. “Eles estão conversando com a Samsung sobre a possibilidade criar um hub no Brasil”, disse Faria.

A ideia seria erguer uma fábrica capaz de produzir peças que possam abastecer a indústria local, sobretudo, a automotiva, bem como serem exportados para países da América Latina, Europa e África. “O Brasil é um ponto estratégico para isso”, explicou. Se confirmada, a construção da planta industrial ficaria por conta da iniciativa privada, com possíveis benefícios tributários a serem oferecido pelo Estado onde a unidade seria sediada. Mas, por ora, não há nada concreto.

O ministro comentou que o mercado de chips e semicondutores depende muito da produção de Taiwan, que atravessa uma fase de tensões geopolíticas com as disputas entre China e Estados Unidos, o que reforça a necessidade de se buscar alternativas para garantir o fornecimento dos insumos.

O problema, entretanto, não é novo. Trata-se de uma lacuna de mercado que se arrasta há vários meses diante da crise global provocada pela pandemia de Covid e, depois, pela guerra no leste europeu — fatores que afetaram a cadeia logística ao redor do mundo.

Além disso, a chegada da internet móvel de quinta geração (5G) também vai abrir o mercado da chamada “internet das coisas”, isto é, comunicação entre equipamentos – o que irá engrossar a demanda por chips e semicondutores nos próximos anos.

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Faria disse que também buscou diálogo com a Intel para instalação de uma unidade no Brasil. Segundo ele, a empresa teria respondido que procurou o governo brasileiro anos atrás, mas não chegou a um entendimento. Com isso, a Intel abriu sua fábrica na Costa Rica — isso foi nos idos de 2008.

Liquidação da estatal

A despeito da crise de fornecimento, o governo de Jair Bolsonaro determinou a liquidação do Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), estatal que era a única produtora de chips e semicondutores na América Latina.

Com sede em Porto Alegre, a Ceitec foi criada por lei em 2008, ainda no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A ideia era ter uma grande fabricante nacional no setor. O problema é que a empresa sempre foi dependente do Tesouro Nacional — ou seja, precisava de recursos dos cofres públicos para bancar despesas correntes e salários.

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Sem dar lucro e considerada ineficiente, a estatal se tornou alvo do atual governo, que anunciou uma extensa lista de privatizações. Em 2021, o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) recomendou a extinção da Ceitec, e o decreto presidencial que oficializou a decisão foi publicado em dezembro do ano passado.