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SÃO PAULO (Reuters) – O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta sexta-feira que a autoridade monetária tem as ferramentas para perseguir a meta de inflação, ressaltando que o “remédio” dos juros básicos vai funcionar.
Durante evento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (Iedi), em São Paulo, Galípolo disse que o BC se moveu para colocar a taxa básica Selic em patamar restritivo, para conter a inflação.
“O mandato do BC é colocar os juros em patamar restritivo suficiente para colocar a inflação na meta”, afirmou Galípolo. “O remédio vai funcionar, o BC tem ferramentas para perseguir a meta”, acrescentou.
No relatório Focus, a projeção mediana do mercado para a inflação para 2025 está em 5,58% e para 2026 em 4,30% — em ambos os casos distantes do centro da meta contínua de inflação do BC, de 3%.
Para segurar a inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC elevou em janeiro a Selic em 100 pontos-base, para 13,25% ao ano, e indicou a intenção de promover novo aumento da mesma magnitude em março, sem se comprometer para a decisão seguinte, de maio. No mercado, existe hoje a percepção de que o BC pode reduzir o ritmo de aumentos da Selic em função da atividade econômica.
Números recentes têm sugerido que pode estar em curso uma desaceleração da atividade no Brasil. Na terça-feira, dados do IBGE revelaram surpresas positivas no IPCA — o índice oficial de inflação — de janeiro, com desaceleração em núcleos e serviços subjacentes. Na quarta-feira números mostraram retração do setor de serviços em dezembro e na quinta revelaram uma queda inesperada do varejo no mesmo mês.
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Ao analisar esta questão, Galípolo pontuou que o BC espera que a política monetária faça efeito primeiro sobre a atividade econômica e depois na inflação. Ao mesmo tempo, ele defendeu cautela na reação do BC.
“É importante que BC tenha tempo necessário para consumir dados e ter clareza para ver se não estamos assistindo apenas uma volatilidade ou se estamos observando uma tendência”, afirmou.
Questionado durante o evento a respeito do risco de dominância fiscal no Brasil — situação na qual o desequilíbrio das contas públicas torna ineficaz elevar juros para segurar a inflação –, Galípolo pontuou que a posição majoritária por parte dos agentes econômicos é de que a política monetária “vai dar conta” da tarefa.
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Em outro momento, Galípolo reforçou que o BC está “bastante incomodado” com o fato de a inflação estar fora da meta.
“O BC não vai poupar nenhum esforço para cumprir esta meta”, afirmou, acrescentando que a instituição não vai se desviar de seu mandato de controle da inflação.