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A forte alta de 4,1% na produção industrial em junho anunciada nesta sexta-feira (2) pelo IBGE comprovou a boa recuperação da atividade do Rio Grande do Sul, fortemente afetada um mês antes pelas enchentes no Estado, e também o bom momento para a manufatura de bens de consumo, incentivada pelos ganhos de emprego e renda.
Com isso, os economistas estão revendo para cima suas projeções para o PIB do 2º trimestre ou colocando um viés de alta nas estimativas.
XP destaca em relatório que todas as categorias industriais se recuperaram em junho, em especial a produção de bens de consumo, que cresceu quase 7% na comparação mensal e 2,3% no trimestre.
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Já a produção de bens de capital manteve a trajetória ascendente, o que é um sinal positivo para a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) de curto prazo, uma medida de investimentos.
Por conta desse desempenho bem acima do previsto, o XP Tracker para o crescimento do PIB no 2º trimestre subiu de 0,6% para 0,7% no trimestre, enquanto a projeção para a evolução do PIB em 2024, atualmente em 2,2%, ganhou um viés de alta.
Segundo Tatiana Pinheiro, economista chefe da Galapagos Capital, com o resultado forte da atividade em junho, o dado do 2° trimestre frente ao 1° trimestre de 2024, que estava negativo em -0,7% passou para positivo em 0,7%.
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“Agora o setor da Industria indica crescimento do PIB no 2° trimestre, suportando a sinalização dada pelo IBC-Br.[o índice de atividade calculado pelo BC]. O destaque é para os setores intermediários, que possuem maior peso na pesquisa, o que indica alguma recuperação da demanda industrial e do consumo”, comenta.
Recuperação
Para Igor Cadilhac, economista do PicPay, a predominância de resultados positivos da indústria em junho reflete a pronta recuperação dos impactos da calamidade climática no Rio Grande do Sul. “O setor mais afetado, a indústria de transformação, que havia recuado 2,5% em maio, avançou 4,5%, dando continuidade ao processo de recuperação iniciado no começo do ano”, compara.
Ele destaca a indústria extrativa, que registrou um avanço de 2,5%, acumulando uma alta de 5,8% nos últimos dois meses, recuperando parcialmente a perda de tração desde janeiro. Cadilhac explica que o segmento se beneficiou da normalização das plantas industriais e do aumento na produção de minério de ferro, petróleo, carnes e bens agrícolas, principalmente soja, açúcar e laranja.
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No campo negativo, ele cita os setores de equipamentos de transporte (-5,5%), artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-4,1%), impressão e reprodução de gravações (-9,1%) e confecção de artigos do vestuário e acessórios (-2,7%) foram os mais impactados. “Contudo, juntos, esses setores representam apenas um pouco mais de 5% da indústria nacional.”
O economista diz que a perspectiva para a indústria permanece relativamente positiva no ano, estimativa sustentada pelo aquecimento da demanda interna, a recuperação do setor manufatureiro com o fim do ajuste de estoques a balança comercial robusta e políticas de estímulo à atividade econômica por parte do governo, como o Novo Plano Industrial.
Para o Itaú, o aumento da produção industrial em junho foi generalizado e impulsionado tanto pela indústria quanto pelos setores extrativos, além do retorno das atividade do Rio Grande do Sul. “O forte resultado do mês aponta para uma atividade resiliente no 2º trimestre do ano e adiciona um viés de alta para o PIB de 2024”, afirma o banco.
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A projeção do Bradesco é parecida, que espera que crescimento da indústria deve contribuir para que a evolução PIB no segundo trimestre fique próxima da observada no trimestre encerrado em março. “Os investimentos devem crescer, mas num ritmo menor. Nossa projeção é que a economia cresça 2,3% no ano”, estima o banco.
PIB robusto
Felipe Salles, economista chefe do C6 Bank, também acredita que o resultado divulgado hoje reforça a tendência de um PIB robusto no segundo trimestre do ano. “Acreditamos que a atividade econômica brasileira pode ter crescido mais de 1% entre abril e junho de 2024”, calcula.
Segundo Salles, ainda que a expectativa para o segundo semestre seja de desaceleração da economia, o PIB do ano pode subir 2,5%. “Também projetamos um crescimento acima de 2,5% para a indústria brasileira em 2024.”
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Já Gustavo Cruz, estrategista chefe da RB Investimentos, atribui a recuperação em junho à retomada de várias plantas industriais, especialmente no Rio Grande do Sul. Ele destaca ainda que setores como petróleo e biocombustíveis também enfrentaram paralisações, mas voltaram à atividade em junho.
“Isso sugere um viés de alta nas projeções do PIB. Apesar dos danos no Rio Grande do Sul, houve uma recuperação rápida, em formato de V, o que mitiga impactos negativos no PIB de 2024. Por isso, mantemos nossa projeção de crescimento em 2,5% e esperamos que o mercado se aproxime desse número em breve.”
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