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SÃO PAULO — O Banco Central (BC) e o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovaram, nesta segunda-feira (26), a implementação do sandbox regulatório, ambiente em que empresas autorizadas podem testar um projeto que leve inovação ao setor financeiro, incluindo a conquista dos primeiros consumidores.
O objetivo do sandbox regulatório é permitir que modelos de negócio inovadores atinjam um público amplo, gerem ganhos de produtividade e tragam mais competição aos sistemas financeiro e de pagamento no país. Mas tudo isso precisa ser feito garantindo a eficiência e a segurança das soluções.
O sandbox é mais um passo para o desenvolvimento das fintechs brasileiras — empreendimentos escaláveis, inovadores e tecnológicos que trabalham com serviços como investimentos e pagamentos.
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Esse ambiente controlado de testes foi protagonizado em 2016 pela Financial Conduct Authority, do Reino Unido. A região é conhecida por seu ecossistema maduro de fintechs. Outras instituições brasileiras já selecionaram projetos para seus próprios sandboxes, como a Superintendência de Seguros Privados (Susep).
A iniciativa faz parte de uma série de ações do Banco Central em prol da modernização e da competitividade nos sistemas financeiro e de pagamentos do país. Open banking e PIX estão entre as novidades anunciadas nesse âmbito nos últimos tempos.
Como vai funcionar o sandbox regulatório brasileiro?
O projeto brasileiro é regulamentado pelas resoluções CMN nº 4.865 [bcb.gov.br] e BCB nº 29 [bcb.gov.br]. Essas resoluções entram em vigor em 1º de dezembro de 2020.
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Alexandre Vargas, associado do setor Bancário e Fintechs no escritório de advocacia Cescon Barrieu, afirma que as normas publicadas fazem atualizações pontuais no que já vinha sendo discutido entre o governo e o mercado. Ficaram faltando alguns detalhamentos, como quais serão as áreas de interesse do primeiro ciclo de sandbox regulatório.
Um benefício já esperado, porém, é a conversa entre diversos reguladores. Por exemplo, uma startup que atue com serviços financeiros e com seguros pode precisar tanto da orientação do Banco Central quanto a da Susep. “A finalidade é permitir que uma fintech ou que uma iniciativa nova de uma instituição financeira já regulada possa testar sem ter o peso regulatório tradicional. Um processo de autorização pode levar meses”, diz Vargas.
As empresas obedecerão requisitos específicos, que amparam a “realização controlada e delimitada” das suas atividades. Por exemplo, o Banco Central terá acesso aos resultados obtidos e avaliará os riscos de operação e de crédito associados aos produtos.
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“Você tem uma customização do processo. Você pode definir requisitos mínimos personalizados para o risco que o projeto traz, o que você não teria em uma autorização normal”, afirmou Antônio Marcos Fontes Guimarães, chefe do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central, em coletiva da instituição sobre o sandbox.
Caso exista algum problema, a inovação pode ser ajustada, limitada ou até proibida. Já se a experiência for bem-sucedida, o BC pode conceder uma autorização definitiva e liberar a comercialização em larga escala.
Incentivos às pequenas
Bruno Diniz, cofundador da consultoria em inovação para serviços financeiros Spiralem, destacou ao InfoMoney algumas medidas que mostram a disposição do Banco Central em apoiar empreendimentos nascentes. Tanto instituições já reguladas quanto as não reguladas poderão participar do sandbox, assim como não haverá exigência formal de capital mínimo para a empresa inscrita.
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As fintechs já poderão cobrar por seus produtos, desde que seus preços sejam anunciados de maneira transparente (como taxas de custo efetivo total disponibilizadas no próprio site). Deverão também garantir a checagem de identidade dos usuários, a privacidade de seus dados e a segurança de cada transação.
Os contratos com consumidores devem ser firmados dentro do prazo de autorização para participar do sandbox regulatório. O cliente deve saber que a fintech se encontra nesse período de testes e por quanto tempo. O consumidor também terá conhecimento quando o negócio mudar sua operação ou caso o empreendimento encerre suas atividades (“plano de saída”).
“Foi contemplada a possibilidade de pivotagem do projeto ao longo da permanência no sandbox. Foi uma flexibilização interessante frente ao que foi inicialmente proposto em consulta pública, e algo que várias entidades de mercado já haviam questionado”, afirma Diniz. “Prever que o projeto pode mudar ao longo do tempo é essencial por conta do caráter inovador das soluções e o ambiente de rápidas mudanças dentro do qual os projetos estão sendo desenvolvidos.”
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O início do primeiro ciclo do sandbox regulatório do Banco Central do Brasil está previsto para o primeiro semestre de 2021. Cada ciclo deverá ter duração máxima de um ano, com permissão de prorrogação da permanência da fintech por um ou dois anos.
Paula Leitão, chefe-adjunta do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do BC, afirmou também na coletiva que as inscrições devem ser abertas nos próximos meses. O número de projetos selecionados também deverá ser definido no edital de convocação de inscrições.