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O jornal britânico Financial Times defendeu na última segunda-feira, 25, em editorial que o Brasil mantenha seu ritmo de reformas e previu que, se o País deixar a oportunidade passar agora, a janela para mudanças será fechada “talvez por anos”.
Segundo a publicação, o presidente Jair Bolsonaro ganhou as manchetes por muitas das razões erradas desde que assumiu o cargo. “Suas fixações doentias com o aumento da posse de armas, denegrindo gays e inventando justificativas falsas para o desmatamento na Amazônia distraíram a atenção do público das mudanças positivas em andamento na economia brasileira.
Isso é lamentável, porque o ministro da Economia, Paulo Guedes, segue um programa de reformas que está entre os mais ambiciosos dos mercados emergentes.”
O jornal salientou que o primeiro fruto significativo dos esforços de Guedes foi a reforma da Previdência, aprovada no mês passado. “Essa foi uma conquista histórica que aumentou a confiança dos investidores em uma economia com uma longa história de desempenho insatisfatório”, avaliou.
De maneira incomum, segundo o jornal, dada a “natureza egoísta” da classe política brasileira, legisladores de diferentes partidos se uniram para aprovar a reforma em um cenário de forte apoio público.
No entanto, segundo o FT, uma revolta popular violenta no Chile parece dar a Bolsonaro uma segunda opinião sobre manter a liberdade de um ministro que estudou Economia na Universidade de Chicago.
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O periódico recordou que o presidente decidiu adiar o envio ao Congresso de um pacote de reformas do setor público, dizendo que não havia pressa. Para o veículo britânico, esta é a primeira oscilação na movimentação, até então ousada do governo, por mudanças econômicas.
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A recente libertação do ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, que aguarda um recurso contra sua condenação por corrupção, pode ter sido um fato, de acordo com o jornal. Lula, frisou o artigo, não perdeu tempo em rotular Guedes como “destruidor de empregos” e em mobilizar a oposição.
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A suspeita em Brasília, de acordo com o jornal, é que o presidente possa ficar tentado a abandonar uma mudança econômica potencialmente arriscada para preservar seu apelo populista eleitoral; afinal, seu histórico de votação como deputado nunca sugeriu um forte apetite por reformas. Para complicar ainda mais, conforme o periódico, Bolsonaro rompeu com o partido que o ajudou a conquistar o cargo (PSL) para fundar o próprio movimento político (Aliança pelo Brasil).
O Financial Times encerra dizendo que há muito em risco para as reformas do Brasil, que afundam nas rochas do populismo. “O gigante da América Latina já esperou demais para colocar as finanças do governo em uma base sustentável e tornar o País um lugar mais atraente para fazer negócios.
Se perder a oportunidade agora, a janela para mudanças será fechada, talvez por anos, e os investidores internacionais voltarão para outro lugar. Bolsonaro deve manter a calma e aproveitar a chance de o Brasil mudar.”
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