Federal Reserve corta juros em 0,5 ponto por coronavírus em primeira decisão emergencial desde 2008

A decisão do Comitê foi unânime - a nova banda de juros é de 1% a 1,25% ao ano

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Federal Reserve anunciou nesta terça-feira (3) o corte de juros em 0,5 ponto percentual em decisão fora do encontro agendado, para 1% a 1,25%. A votação foi unânime. A autoridade monetária cortou a taxa na tentativa de dar suporte para a economia dos EUA em meio ao surto de coronavírus.  Este foi o primeiro corte emergencial de juros desde a grande crise financeira de 2008.

“O coronavírus apresenta riscos crescentes para a atividade econômica”, afirmou o Fed em comunicado. “À luz desses riscos e de forma a dar suporte ao emprego e às metas de inflação, o Comitê decidiu hoje reduzir os juros em 0,5 ponto”, destacou o comunicado.

A autoridade monetária também disse que está “monitorando de perto o desenrolar dos acontecimentos e as suas implicações para as perspectivas econômicas, usando as ferramentas e atuando conforme apropriado para apoiar o economia”. O Fed também disse no comunicado que “os fundamentos da economia dos EUA continuam fortes”.

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A atuação do Fed seguiu-se a um comunicado do G-7 que decepcionou parte do mercado num primeiro momento, já que não foram mencionadas medidas específicas para mitigar os efeitos do coronavírus nas economias. Desta forma, a decisão do Fed acabou por atender a expectativa do mercado por ações coordenadas de bancos centrais do mundo contra a desaceleração provocada pelo surto.

A autoridade monetária já havia sinalizado que estaria a postos para agir, caso necessário, o que já havia animado o mercado.

O corte acaba por contrariar o cenário que estava sendo desenhado pela autoridade monetária antes do surto da doença, uma vez que a sinalização era de manutenção dos juros entre 1,5% e 1,75% ao ano por um longo período de tempo.

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Donald Trump, presidente dos EUA, que já havia dito durante a manhã que o Fed deveria cortar juros após o corte realizado pelo Banco Central da Austrália, não se mostrou satisfeito com a decisão de juros pela autoridade monetária, afirmando que o corte deveria ser maior.

O presidente do Fed, Jerome Powell, realiza conferência com a imprensa nesta tarde. Ele destacou que o Fed agiu para manter a economia forte e que o coronavírus trouxe novos riscos, sendo que a magnitude e a persistência dos impactos permanecem incertos.

“Usaremos ferramentas e agiremos conforme o apropriado”, afirmou, destacando que possivelmente haverá coordenação formal com outros bancos centrais para apoiar a economia durante o surto do coronavírus.

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Powell ainda apontou que o Fed considera que a perspectiva para a economia americana, até então benigna, mudou de forma significativa com a evolução do coronavírus, o que levou à medida. Contudo, não está considerando a utilização de outras ferramentas, fora o corte de juros, no momento.

“Reconhecemos que um corte na taxa não reduzirá a taxa de infecção, não consertará uma cadeia de suprimentos quebrada. Entendemos isso. Contudo, acreditamos que nossa ação proporcionará um impulso significativo à economia”, apontou.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.