Falta de navios para carregar GNL pode agravar crise de energia

A tarifa para fretar um navio de GNL no Pacífico subiu para o maior nível em nove meses na semana passada

Bloomberg

Navio cargueiro no porto de Miami
Navio cargueiro no porto de Miami

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(Bloomberg) — A demanda por gás natural liquefeito é tão grande que não há navios suficientes para transportar o combustível na Ásia, o que complica ainda mais o déficit global de energia que tende a piorar no inverno do hemisfério norte.

A tarifa para fretar um navio de GNL no Pacífico subiu para o maior nível em nove meses na semana passada, já que mais navios estão sendo usados para exportações de terminais dos Estados Unidos para a Ásia, o que aumenta o tempo de viagem e os torna indisponíveis para novos pedidos. Ao mesmo tempo, armadores têm posicionado navios excedentes no Atlântico, reduzindo a quantidade de embarcações disponíveis na Ásia. Com isso, conseguem flexibilidade para enviar cargas dos EUA para a região onde houver mais demanda.

“As taxas de afretamento à vista aumentaram de forma constante desde o fim de setembro, e nossa expectativa é de que isso continue à medida que entrarmos na temporada de comércio de inverno”, disse Fraser Carson, analista de gás e GNL da Wood Mackenzie. “As cargas de GNL dos EUA serão necessárias para pronta entrega na Europa e na Ásia durante o inverno, e até que ponto serão atrasadas ou reencaminhadas terá um papel importante sobre o quanto as taxas de afretamento subirão e por quanto tempo.”

Ásia e Europa estão competindo por um volume cada vez menor de cargas de GNL à vista em meio à reposição de estoques de empresas de energia antes do inverno. Como as cargas spot de GNL são comercializadas com base na entrega, os crescentes custos de transporte tornarão o combustível ainda mais caro.

As taxas de frete de GNL da bacia do Pacífico são negociadas a US$ 203.500 por dia, a maior cotação em nove meses, de acordo com dados da Spark Commodities. Alguns armadores chegaram a pedir de US$ 220.000 a US$ 275.000 por dia, quase ultrapassando o recorde de US$ 231.500 do início do ano, de acordo com tradings e corretores, que pediram anonimato.

A taxa de frete à vista para alugar um navio no Pacífico mostra um prêmio em relação ao Atlântico há mais de cinco dias, uma ocorrência atípica vista pela última vez durante o inverno de 2018, quando o clima frio impulsionou as compras de gás spot da Ásia acima da capacidade de transporte, de acordo com Wood Mackenzie.

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Normalmente, as taxas de frete da bacia do Pacífico são entre de US$ 5.000 e US$ 15.000 por dia mais baratas do que as tarifas do Atlântico, mas esse desconto foi revertido e agora equivale a um prêmio de US$ 60.500 por dia, segundo dados da Spark Commodities. A viagem de duas semanas da Austrália para a China leva cerca de metade do tempo de quando os navios saem dos Estados Unidos, com duração de quatro a cinco semanas.

“A demanda chinesa tem sido muito forte, e a China vai se tornar o maior importador mundial de GNL este ano”, disse Laura Page, analista sênior de GNL da Kpler. “Como resultado, a Ásia agora precisa comprar mais cargas do Atlântico.”

As taxas de frete poderiam voltar a subir no final do ano, quando as temperaturas caírem e a demanda por aquecimento aumentar, especialmente porque empresas australianas elevam a produção, o que pode exigir mais capacidade de transporte. A Woodside Petroleum disse que pretende vender mais cargas à vista para aproveitar a alta dos preços do gás.

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