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SÃO PAULO – O historiador Leandro Karnal afirmou que a adoção do ensino remoto torna o ano de 2020 um desastre para as crianças do ponto de vista de acumulação de conhecimento, já que muitos pais não conseguem acompanhar as aulas virtuais e poucas escolas possuem projetos efetivos para transmitir conteúdos de forma online.
Karnal falou sobre suas perspectivas para o mundo pós-pandemia e a sociedade brasileira em painel da Expert XP 2020, mediado por Giuliana Napolitano, editora-chefe do InfoMoney.
O professor ressaltou que a atual condição de ensino aumenta ainda mais a desigualdade entre estudantes de alta e baixa renda.
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“O aluno da escola pública, de baixa renda, não possui computadores em casa, nem celulares de última geração e, em algumas ocasiões, precisa ir até uma lan house ou outro bairro para ter acesso à internet. E o pior, eles não têm pais que os auxiliem nem a fazer uma pesquisa”, explica Karnal.
Segundo o professor, o futuro não é do capital, nem da força física, mas, sim, da inteligência, por isso os métodos de educação devem contribuir para a formação de um pensamento crítico, que estimule o estudante a desenvolver novas ideias.
“Nós estamos diante de uma realidade que indica que a fortuna é a inteligência e e ela se faz com desafios. O futuro é cada vez mais da autonomia, da capacidade de criar uma área de trabalho, de ser criativo e pensar o que os outros não pensaram. Seja atento às tendências, aprenda inglês – o mundo do futuro falará inglês -, seja humilde e lembre-se que o erro é sempre um aprendizado”, afirma.
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Ainda que no campo da educação a análise do historiador seja pessimista, do ponto de vista da inovação, ele diz que o momento é de destaque. Mesmo após a pandemia, Karnal acredita que pessoas do mundo todo devem continuar apostando na tecnologia para intensificar as relações interpessoais por meio dos softwares de videochamada, que se popularizaram durante a pandemia.
Karnal também avalia que a pandemia pode trazer avanços do ponto de vista emocional. “Depois da dor, nos adaptamos, ficamos mais resilientes e temos mais estratégias – que é o desejável. Durante este período, muita gente vai transformar o medo em ódio, xenofobia e agressão. Mas outros vão descobrir a dor que os fará despertar sobre o sentir, o colaboracionismo com o mundo social e a solidariedade.”
Por outro lado, ele acredita que a crise pode simplesmente ressaltar características que já existiam. “Quem era canalha, continuará sendo. Essas potências de ação continuam existindo e vão continuar, resta saber se o período irá fazer com que essas características saltem”, afirmou.
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