Expedições voluntárias unem solidariedade e aprendizado

Para falar sobre volunturismo, podcast conversa com a médica e atleta Karina Oliani, que fundou um instituto para ajudar comunidades remotas

Rodolfo Stipp Martino

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O que você acha de, em vez de passear ou descansar durante as férias, viajar pelo Brasil ou pelo mundo para realizar trabalhos voluntários ajudando a população local? Essa é uma opção que pode atrair o viajante que pretende levar o bem aos outros e também queira ter uma experiência diferente, conhecendo uma nova cultura, vivenciando a realidade da comunidade e expandindo as suas redes.

O volunturismo (expressão formada a partir dos termos ‘voluntariado’ e ‘turismo’) foi discutido no episódio 45 do podcast Aqui Se Faz, Aqui Se Doa. O programa, que é produzido pelo Instituto MOL com apoio do Movimento Bem Maior, da Morro do Conselho Participações e da Ambev, e conta com o apoio de divulgação do InfoMoney, entrevistou a médica Karina Oliani. Ela é  uma das fundadoras do Instituto Dharma, organização que busca ajudar comunidades remotas por meio de expedições médicas e projetos ambientais e educacionais autossustentáveis.

Karina, que também é atleta de esportes de aventura e apresentadora de TV, especializou-se em medicina de emergência e resgate em áreas remotas. Após um terremoto atingir o Nepal e a Índia em 2015, ela e seu amigo Andrei Polessi publicaram um livro de fotos, com imagens desses países antes da tragédia, para arrecadar recursos para a construção de uma escola na região afetada. Com o sucesso na iniciativa, o projeto inspirou a criação do instituto.

A médica explicou que qualquer pessoa, independentemente da profissão, pode participar de iniciativas de volunturismo, mas aconselhou a quem estiver interessado a se preparar bem e a começar em projetos curtos e que combinem com o seu perfil.

“Assim como na escalada, não vamos começar de cara indo para o Everest ou K2. A gente vai começar pelas montanhas pequenas e vai acumulando experiência até um dia se sentir pronto. Eu acho que é a mesma coisa no voluntariado, nesse turismo voluntário. Você pode começar se voluntariando alguns dias, experimentando e fazendo projetos muito bem estruturados”, disse Karina, que já escalou tanto o Everest como o K2.

Ela conta que as pessoas que decidem participar de expedições voluntárias conseguem sentir uma sensação muito especial com o impacto gerado e com a gratidão dos beneficiados. Em troca do apoio proporcionado, costuma-se receber muito carinho.

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“Quando se vai em uma expedição dessa, você está esperando ajudar os outros. Só que quando volta, você percebe que foi muito mais ajudado do que qualquer coisa. Você ganha um amor desinteressado, conhece um modo de vida muito simples, vê que essas pessoas conseguem ser felizes, e felizes de verdade com tão pouco”, declarou. “É uma experiência muito intensa, muito marcante. Você volta com casos, com histórias e fala assim: ‘Eu não mudei o mundo, mas certamente eu transformei o mundo de alguém’. Isso é muito recompensador.”

A médica Carol Zafon, integrante do time dos Médicos Sem Fronteiras, foi outra a conversar com o Aqui Se Faz, Aqui Se Doa sobre a experiência em missões. Ela disse que o trabalho também representa a oportunidade de um aprendizado transformador.

“Acredito que nas expedições eu aprendo como médica e como ser humano. Acho que aprender uma cultura diferente da sua é algo extremamente rico. Não adianta você ler jornal, livro, assistir a filmes. Estar envolvido em uma outra cultura tão distante da sua faz você até ter pensamentos diferentes e aceitar coisas que você jamais aceitaria. Eu sempre costumo dizer que eu vou para uma missão e volto outra pessoa”, afirmou.