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As expectativas de inflação no Brasil têm ampliado seu desvio em relação à meta de 3% buscada pelo Banco Central e as previsões de mercado para os preços em 2025 estão se aproximando do teto do objetivo da autoridade monetária, o que é uma grande preocupação, disse nesta quarta-feira (23) o diretor de Assuntos Internacionais do BC, Paulo Picchetti.
Em reunião com investidores organizada pela XP em Washington, nos Estados Unidos, às margens de reuniões do FMI e do Banco Mundial nesta semana, Picchetti mostrou em sua apresentação inicial que a inflação no Brasil continua em processo de desaceleração, mas que ela tem estabilizado em um patamar acima da meta, o que também é motivo de preocupação.
Picchetti disse que a inflação de serviços segue como um dos centro das preocupações do BC, Também estar se estabilizando acima da meta. “A atividade economia continua surpreendendo para cima consistentemente e pressões do mercado de trabalho continuam”, afirmou no 17º Bianual XP IMF Meeting.
Ele destacou que o Brasil saiu bem à frente das economias avançadas em termos de política monetária, iniciando seu ciclo de alta com antecedência. “Em termos de taxa neutra [a que não provoca pressões inflacionárias], numa perspectiva internacional, claramente o Brasil está bem acima das economias avanças e até mesmo de seus pares emergentes”, comentou.
Ele disse à plateia que o BC considera ter obtido sucesso parcial na busca pela redução da inflação, porque os preços claramente desaceleraram, mas advertiu que “ainda falta a última parte do trabalho”.
Sobre a recente decisão de voltar a elevar a taxa Selic, o diretor de Assuntos Internacionais do BC disse que havia razões claras para isso, mas que não há informações suficientes para que a autoridade monetária se comprometa com uma indicação dos próximos passos da política monetária.
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“Escolhemos ser totalmente dependentes de dados para os próximos passos, com comprometimento claro de fazer a inflação convergir para a meta. Vamos monitorara expectativas e projeções de inflação, atividade, mercado de trabalho e evolução fiscal”, detalhou, destacando que parece haver um importante componente de inércia nas expectativas.
O diretor do BC ainda comentou que os impactos das mudanças climáticas são um enorme desafio em termos de dados e que esses eventos implicam diretamente nos preços e na política monetária. “Os eventos climáticos não podem mais ser considerados aleatórios e transitórios. (…) É um assunto que temos discutido há um tempo, não dá mais para fingir que não é um assunto relevante”, disse.
(Com Reuters)