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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira, 29, que a inflação vem melhorando no Brasil, mas continua afastada do centro da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Segundo Campos Neto, como as expectativas de inflação seguem desancoradas da meta central, o BC ainda tem trabalho a fazer.
Durante evento realizado pela 1618 Investimentos, ele ponderou que o reajuste recente de gasolina fez com que a inflação deste ano subisse um pouco.
Ao abordar o cenário internacional, Campos Neto voltou a dizer que os juros mais altos, e por período mais prolongado, nos Estados Unidos estão drenando liquidez. Na maior economia do mundo, pontuou, a curva no mercado futuro já não aponta mais tanta queda de juros.
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Ao citar as possíveis explicações da alta do juro longo norte-americano, ele apontou a inflação persistente, o gasto fiscal elevado e a venda de treasuries pela China, que pode ter gerado distorção.
A alta das projeções ao PIB dos Estados Unidos em 2023, continuou Campos Neto, deve-se, em parte, aos maiores gastos do governo de Joe Biden.
Nesse ponto, observou que, ainda que o aperto monetário seja coordenado, há países, na política fiscal, gastando bastante. Em paralelo, a desaceleração chinesa, em meio à turbulência no setor de construção civil, altera o modelo de crescimento global, afirmou Campos Neto.
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‘Pouso suave’
O presidente do Banco Central elencou as razões de a autarquia ter mantido os juros altos por período prolongado, e voltou a dizer que o objetivo da autoridade monetária é conduzir a inflação de volta ao centro da meta com o menor custo possível para a sociedade.
Ao apontar que a inflação no Brasil está abaixo da inflação global, Campos Neto destacou que a decisão de subir os juros mais cedo e rápido teve efeito positivo. Ele observou que a inflação já caiu 8,7 pontos porcentuais, a um custo de 0,3 ponto porcentual do Produto Interno Bruto (PIB). “Essa é a definição do pouso suave”, declarou.
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Quando a inflação está alta, emendou Campos Neto, o consumidor perde confiança e compra menos. Assim, julgou que a queda da inflação é, em parte, responsável pela melhora da confiança e do consumo.
O presidente do BC comentou também que, embora muito alta, a taxa de juros real no Brasil está abaixo do que já foi. As reformas e microrreformas realizadas nos últimos anos, disse Campos Neto, não apenas permitiram juros reais menores, como produziram efeitos que parecem ter aumentado “um pouco” o potencial de crescimento do País com menor pressão inflacionária. “O mercado tem errado consistentemente o crescimento do PIB.”
Campos Neto elogiou em sua palestra a decisão do governo de manter a meta de inflação em 3% nos próximos anos, assim como considerou correta a reoneração dos combustíveis, embora a medida tenha levado a um aumento da inflação em 12 meses.
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Ao considerar que o Brasil conseguiu passar pelo ciclo de aperto monetário com menos sacrifícios, se comparado a outros países, Campos Neto salientou que o desemprego caminha para o menor nível em vários anos, com salários que começam a ser reajustados um pouco acima da inflação. Isso, avaliou, ainda não representa um problema pela defasagem do impacto da alta dos salários no comportamento dos preços.
Apesar de as duas últimas medições dos preços dos serviços terem vindo melhores, Campos Neto reforçou a mensagem de que a inflação segue resiliente, de modo que o trabalho do BC ainda não terminou.
Preocupação de BCs com a inflação
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O presidente do Banco Central considerou que os banqueiros centrais estão atualmente preocupados porque a inflação ou parou de cair ou subiu um pouco mais recentemente. “A inflação caiu em várias regiões do mundo, mas todas com uma pontinha mais recente para cima”, comentou Campos Neto.
Segundo ele, o movimento é puxado por energia, em razão da alta nos preços do petróleo. “Ao contrário do que se pensava, a inflação de energia voltou a subir.”
Campos Neto pontuou que os núcleos de inflação, que excluem alimentos e energia, que demoraram para ceder, estão caindo, embora sigam altos na América Latina. Avaliou, assim, que a dinâmica de inflação no mundo tem sido benigna e as notícias econômicas têm sido positivas em geral.
Após citar a preocupação global a respeito da pressão da mão de obra apertada sobre os salários, o presidente do BC lembrou que países avançados não viram antes uma inflação tão resistente como a atual.
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