Execução do arcabouço fiscal será importante para Brasil retomar grau de investimento, diz VP da Moody’s

Samar Maziad demonstrou otimismo com o país, mas ressaltou que implementação da política fiscal será monitorada pela agência

Rikardy Tooge

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A implementação do arcabouço fiscal, aprovado neste ano e que terá em 2024 seu primeiro desafio de execução, será um dos pontos fundamentais para o Brasil retomar o grau de investimento, na avaliação de Samar Maziad, vice-presidente da agência Moody’s. Desde fevereiro de 2016 o rating soberano brasileiro na agência está em Ba2, duas notas abaixo do grau de investimento.

“Eu estou otimista [com o Brasil], mas penso que o fator-chave para nós será a mudança importante no quadro fiscal”, disse Samar, em evento com investidores. A analista diz que a sinalização do governo de cumprimento da meta, com déficit zero no próximo ano é uma sinalização importante, mas será necessário mostrar empenho para alcançar esse objetivo, visto como ceticismo pelo mercado.

“A continuidade da política [fiscal] e seguir seu cronograma serão importantes no processo, se o país quiser subir esses dois degraus”, prossegue Samar. “[O cronograma apresentado pelo governo] nos dá tempo para monitorar sua implementação e desempenho.”

A executiva reconheceu que o Brasil melhorou desde a retirada do grau de investimento, mas as mudanças que ocorreram no mundo no mesmo período mostram que o desafio para a retomada do rating de crédito ainda não acabou.

“O Brasil melhorou em relação a si mesmo desde 2015, mas o mundo está mudando. Há mais risco político, risco geopolítico, entre outros aspectos. Ainda há alguma coisa antes do grau de investimento. Que tal darmos um passo de cada vez?”, concluiu.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br