Estudo sugere que G20 incentive pequenas empresas para elevar produtividade em países de renda baixa

Autores do estudo preveem ganhos no combate à pobreza e redução de danos ambientais com o desenvolvimento desses negócios

Roberto de Lira

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O desenvolvimento industrial é essencial para gerar oportunidades de emprego e reduzir a pobreza e, nos países de baixa e média renda é necessário qualificar as micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) no sentido de combater sua baixa produtividade devido à tecnologia desatualizada e práticas de gerenciamento inadequadas. O diagnóstico está em estudo recente elaborado por economistas para o G-20.

O documento diz que o sucesso econômico de muitos países do Leste Asiático pode ser atribuído ao seu foco estratégico no desenvolvimento de seus setores manufatureiros, seguidos pelos setores de serviços. Esse crescimento, diz o texto, foi acompanhado por níveis relativamente baixos de desigualdade e reduções significativas nos níveis de pobreza.

A China e vários países do Sudeste Asiático seguiram o mesmo padrão e experimentaram crescimento econômico por meio do fortalecimento de seus setores manufatureiros, mas isso não tem sido observado em nações com renda mais baixa.

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Um ponto em comum entre os países mais pobres é que os setores primários nessas localidades geram uma alta parcela de empregos, com as pessoas de baixa renda tendendo a se envolver em atividades prejudiciais ao meio ambiente, como agricultura de corte e queima ou extração insustentável de recursos naturais.

Assim, o estudo defende que o desenvolvimento industrial também pode melhorar a sustentabilidade ambiental. O setor industrial alcançar esse crescimento verde, diz o estudo, sua capacidade de criação de empregos facilitará a alocação de mão-de-obra para longe dessas atividades prejudiciais ao meio ambiente e para meios de subsistência mais sustentáveis.

A sugestão é que os governos nacionais e as organizações de fomento devem apoiar as micro, pequenas e médias empresas na adoção de tecnologia avançada e know-how de gerenciamento. “Além disso, é importante encorajar as MPMEs a adotar tecnologias de economia de energia para melhorar sua produtividade e por razões ambientais”, dizem os autores.

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Duas categorias

Os especialistas dizem que o desafio de desenvolver políticas para MPMEs está em sua diversidade. Essas empresas são normalmente divididas em duas categorias. A primeira é composta por empresas com potencial de crescimento, mas que possuem limitações por fatores como infraestrutura e instituições precárias, acesso limitado a crédito e falta de acesso a tecnologia e conhecimento avançados.

A segunda categoria inclui empresas estagnadas que são criadas e administradas por necessidade e não por oportunidade ou escolha. Um exemplo típico são os microempreendedores que não têm outra oportunidade de geração de renda, sendo a única opção operar um pequeno negócio no setor informal. “É improvável que empresas estagnadas invistam em seus negócios ou adotem tecnologia avançada, preferindo manter o status quo e obter lucro acima do nível de subsistência”, comentam os autores.

Segundo o texto, estudos recentes observaram a coexistência de diferentes tipos de MPMEs na adoção de tecnologias digitais. Essa coexistência torna difícil chegar a um consenso sobre quais podem ser as políticas mais adequadas, uma vez que não existe uma solução única para todos.

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“Portanto, a variedade existente deve ser considerada pelos formuladores de políticas em seu caminho para abordar esse assunto. Embora os países desenvolvidos também enfrentem esse desafio, isso é especialmente verdadeiro nos países de baixa e média renda, que têm uma alta participação de MPMEs e precisam incentivar seu crescimento”.

Papel do G20

O estudo diz que há várias razões para o G20 considerar a questão crucial do desenvolvimento industrial nos países de baixa e média renda. A primeira razão é humanitária. Em 2021, pelo menos 684 milhões de pessoas foram consideradas extremamente pobres. Além disso, mais de 6% da força de trabalho global estava desempregada no mesmo ano. Portanto, oferecer oportunidades de emprego aos pobres é a melhor opção para aliviar a pobreza de forma sustentável.

A segunda razão é a presença de vários efeitos transfronteiriços. O desemprego e a pobreza podem criar um ambiente de insatisfação e frustração, levando à agitação social e política, que pode desestabilizar regiões inteiras.

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Da mesma forma, a incapacidade de criar empregos suficientes nos países de baixa e média renda pode levar a força de trabalho desempregada a migrar para outros países. “Isso pode pressionar os sistemas sociais e econômicos dos países receptores e pode ter implicações políticas e sociais significativas”, alertam os autores.

Segundo o texto, os danos ambientais são outro efeito transfronteiriço. A poluição e a degradação ambiental em um país podem afetar negativamente os países vizinhos, e as mudanças climáticas afetarão todos os países do mundo.

Por fim, a falha de mercado no desenvolvimento industrial pode ocorrer por vários motivos, como externalidades, assimetrias de informação e provisão de bens públicos. Nesses casos, a intervenção pública é necessária para corrigir a falha do mercado.

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“O G20, como um fórum internacional das maiores economias avançadas e emergentes do mundo, pode apoiar proativamente o desenvolvimento industrial ao mitigar falhas de mercado e promover o crescimento de MPMEs”, conclui o estudo.

Recomendações

O estudo recomenda fornecer treinamento gerencial para MPMEs em clusters industriais para facilitar o crescimento de tais organizações e o desenvolvimento industrial nos LMICs.

Esse treinamento ajudaria tanto as empresas com potencial de crescimento como estagnadas nesses países, com alguns estudos atestando que a adoção de práticas avançadas de gerenciamento pode aumentar sua produtividade.

Oferecer o treinamento gerencial também pode ajudar a selecionar empresas com potencial de crescimento. Embora seja difícil identificar essas empresas com base em características observáveis, algoritmos de aprendizado ou opinião especializada, o treinamento pode ser usado para rastrear organizações, diz o estudo.

“Uma vez identificadas as empresas promissoras, recursos como empréstimos e subsídios para pesquisa e desenvolvimento podem ser fornecidos.”

Outra sugestão é o direcionamento de clusters industriais, que ajudaria a maximizar o impacto do treinamento e promover o desenvolvimento industrial de forma mais eficaz. “No entanto, essa segmentação é desafiadora, assim como identificar empresas promissoras. Portanto, os autores recomendam fornecer treinamento para clusters existentes em geral. Isso pode ajudar os formuladores de políticas a selecionar clusters promissores observando a taxa de participação, as atitudes durante o treinamento e o desempenho após o treinamento.”

Da mesma forma, também é importante fornecer treinamento técnico para trabalhadores em potencial, incluindo treinamento de requalificação.

“Se o crescimento de aglomerados industriais for facilitado pelo treinamento gerencial, os trabalhadores podem ser um recurso escasso. As empresas e os fornecedores de recursos humanos podem cooperar no desenvolvimento de habilidades específicas demandadas no cluster”, diz o estudo.

Isso pode ser feito, segundo os autores, por meio de instituições de educação e formação técnica e profissional para formar a juventude. “Ao mesmo tempo, um programa de requalificação é importante para esse fim para facilitar a transição do setor primário para o setor industrial.”

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