Estratégia de comunicação do BCE precisa mudar, mas sem copiar Fed, diz Nagel

Presidente do BC alemão comenta que adoção do "gráfico de pontos", com projeções dos diretores inseridas de forma anônima, pode trazer riscos para a independência do comitê de política monetária

Reuters

Presidente do banco central da Alemanha, Joachim Nagel - (Foto: Britta Pedersen/Pool via Reuters)
Presidente do banco central da Alemanha, Joachim Nagel - (Foto: Britta Pedersen/Pool via Reuters)

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Washington (Reuters) – O Banco Central Europeu precisa melhorar a forma como comunica suas intenções e incertezas em relação à política monetária, mas copiar o método de projeções do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), o “gráfico de pontos”, não é uma opção desejável, disse o presidente do banco central alemão, Joachim Nagel, nesta terça-feira (22).

O BCE planeja realizar uma revisão de sua estratégia no próximo ano, e a comunicação deverá ser um dos principais tópicos, uma vez que a era da orientação futura está praticamente encerrada e os bancos centrais estão buscando melhores formas de sinalizar suas intenções.

Algumas autoridades têm afirmado que vale a pena analisar a abordagem do Fed, em que cada membro faz sua própria projeção da taxa de juros e essas projeções são colocadas em um gráfico anônimo.

Nagel, no entanto, juntou-se a uma lista já longa de autoridades que argumentam contra o gráfico de pontos, dizendo que isso pode comprometer a independência do banco central, enquanto a forma como melhoraria a sinalização não está totalmente clara.

“Não vejo um caso convincente para a introdução de gráficos de pontos”, disse Nagel em um discurso na Universidade de Harvard.

O argumento é que, quando os pontos começarem a ser publicados, os agentes financeiros tentarão identificar as autoridades individualmente por trás de cada projeção e pressionarão os membros para que defendam seus interesses nacionais em detrimento dos interesses da zona do euro. “Isso poderia influenciar a independência do conselho do BCE”, disse Nagel.

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Em vez disso, o BCE deveria aperfeiçoar suas ferramentas de sinalização atuais e usar a próxima revisão para isso, argumentou Nagel.

“Uma delas pode ser melhorar a comunicação de nossas medidas de incerteza existentes”, disse Nagel. “Outra pode ser desenvolver novas medidas, como análises de cenários e de sensibilidade, bem como gráficos aprimorados.”