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SÃO PAULO – O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar a taxa Selic em 0,75 ponto percentual, indo em linha com o esperado pela maior parte dos analistas, mas trouxe uma nova sinalização de que deve subir mais a taxa de juros na mesma magnitude na próxima reunião, em junho.
Em live realizada pelo InfoMoney (assista acima), Alessandra Ribeiro, diretora de macroeconomia e análise setorial da Tendências Consultoria, ressalta que, com o comunicado, o Banco Central já deixou um sinal claro para o que esperar nos próximos meses.
No comunicado, o BC afirmou que “para a próxima reunião, o Comitê antevê a continuação do processo de normalização parcial do estímulo monetário com outro ajuste da mesma magnitude”, deixando a porta aberta para levar a Selic para 4,25%.
Alessandra, porém, reforça que é preciso sempre ficar atento aos riscos que existem e que podem levar a mudanças nas sinalizações do BC, principalmente no que diz respeito às perspectivas para a inflação de 2022.
Além disso, ela comenta que havia uma grande expectativa no mercado sobre o termo “normalização parcial”, diante da visão de que o BC já havia sinalizado a alta de juros este ano, mas sem afirmar que colocaria ela em seu nível de equilíbrio, ou seja, nem estimula e nem contribui para uma retração da atividade.
“O BC não abandonou o termo, mas eu diria que ele suavizou um pouco o peso dessa ‘normalização parcial’, falando que não está completamente fechado com isso, podendo alterar a estratégia dependendo do balanço de risco e expectativas de inflação”, afirma a diretora da Tendências.
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Mário Schalch, sócio e gestor de multimercado da Neo Investimentos, complementou na live ainda que a autoridade monetária conseguiu criar uma liberdade para poder “observar o que vai acontecer na economia e com a inflação em um futuro próximo, e se mover como for necessário”.
“O BC não se comprometeu com um teto de taxa de juros para esse ano, então eu vejo ele caminhando para mostrar para o mercado o que ele pretende fazer, as ferramentas, mas dizendo também que se o cenário for diferente, ele vai se adaptar a esse cenário novo”, afirma.
Sobre os riscos, além da inflação, o Copom também mostrou estar bastante atento à questão fiscal, que apesar de algumas soluções nas últimas semanas, como a questão orçamentária, segue preocupante. Ao InfoMoney, João Leal, economista da Rio Bravo afirmou que a manutenção do termo “normalização parcial” também reflete isso.
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“O Copom justificou a manutenção da ‘normalização parcial’ com o risco de uma recuperação mais lenta para a atividade econômica, após o recrudescimento da pandemia, por isso algum estímulo monetário ainda é necessário. A questão fiscal continua pesando no balanço de riscos”, avalia.
Impactos no mercado
Sobre o reflexo no mercado da decisão do Copom, Schalch, da Neo Investimentos, acredita que o processo de aumento de Selic já está bastante precificado. “Essas sinalizações do BC, para nós, é como uma continuidade do que ocorre desde o começo do ano”, afirma.
Para ele, porém, o principal ponto de impacto pode ser no câmbio, com esse ritmo de altas de juros favorecendo o real, que ele acredita ter espaço para se apreciar nos próximos meses.
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“Com a Selic a 2% como estava, ficava barato apostar contra o real, e a medida que nós vemos o ciclo de aumento de juros ficar mais claro, nós já vimos em abril o real ter uma melhora, não só contra o dólar, mas contra outras moedas”, explica.
Para as ações, o gestor não vê tanto impacto agora, mas questionado na live sobre ações especificas, lembrou que uma alta de juros tende a favorecer empresas financeiras, enquanto é pior para companhias imobiliárias, e, portanto, o investidor deve ficar atento.
Na live, Alessandra e Schalch ainda comentaram sobre as projeções econômicas, os riscos da eleição para 2022, entre outros tópicos relacionados à alta de juros. Assista ao vídeo completo no player acima.
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