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O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, pretende levar para casa mais uma vitória eleitoral para estender seu governo até a terceira década e manter a mistura de políticas externas e econômicas que diferenciam o país do restante do cenário mundial.
Erdogan, 69, desafiou as pesquisas de opinião que projetavam uma vitória apertada para o oponente Kemal Kilicdaroglu, 74, no primeiro turno das eleições para a presidência há duas semanas. Isso levou à queda da moeda turca, além de derrubar títulos do governo e ações corporativos.
A dupla agora se enfrenta no segundo turno das eleições neste domingo (28), após a aliança governista liderada pelo partido AK manter a maioria no parlamento. A votação começou às 8h, do horário local, e as urnas fecham às 17h, com os primeiros resultados esperados algumas horas depois.
Eleições na Turquia
Kilicdaroglu concentrou sua campanha em restaurar a credibilidade da Turquia entre os investidores internacionais, acabar com o estilo autoritário de liderança e erradicar a corrupção das instituições estatais.
Uma vitória para ele significaria o fim do ditame de Erdogan para quem a única maneira de combater a inflação é cortar, em vez de aumentar as taxas de juros. Isso, porém, agora parece menos provável e os mercados financeiros estão se preparando para mais problemas.
O poder do presidente parece inalterado pelo pior aperto no custo de vida em décadas e alegações de negligência após os desastrosos terremotos, que mataram mais de 50.000 pessoas em fevereiro. Ele também ganhou elogios entre os eleitores por sua liderança, ao garantir o fornecimento de grãos da Ucrânia e por enfrentar aliados da OTAN, como os EUA, sobre a proposta de adesão da Suécia.
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Ajudado por uma máquina de mídia estatal, Erdogan semeou divisão entre a aliança de oposição. O líder mais antigo da Turquia dobrou a retórica nacionalista e religiosa para mobilizar sua base, enquanto acusava a oposição de não combater o terrorismo. Ele também jogou com a aversão do eleitorado a coalizões amplas após colapsos de governos na década de 1990.
Uma reviravolta ainda pode acontecer, mas Erdogan emergiu como mais persuasivo do que Kilicdaroglu, de acordo com Can Selcuki, diretor-gerente do instituto de pesquisas Istanbul Economics Research. “Trata-se de confiança, e Erdogan conseguiu estabelecer a confiança estando no poder por 20 anos”, disse ele.
Os investidores estão prevendo uma clara vitória de Erdogan. O custo de proteger os investimentos contra a inadimplência dos títulos turcos disparou após o primeiro turno de votação, quando Erdogan ganhou por 49,5%. A lira atingiu novos recordes de baixa, caindo para simbólicos 20 por dólar.
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Apelo aos turcos irem às urnas
Ambos os candidatos exortaram os turcos a votar depois de depositarem suas próprias cédulas no domingo. “Peço aos meus cidadãos que participem sem chegar à complacência”, disse Erdogan após a votação em Istambul.
As pessoas devem escolher “se livrar da opressão, se livrar de um governo autoritário”, disse Kilicdaroglu em Ancara. “Enfrentamos todo tipo de difamação, todo tipo de calúnia, mas confio no bom senso das pessoas. A democracia definitivamente chegará a este país.”
O líder da Turquia exerceu maior controle sobre o cenário da mídia, com as principais redes dedicando tempo de antena principalmente para suas entrevistas e comícios. Ele também dominou as cidades com faixas e suas fotos acompanhadas dos dizeres “A hora certa, o homem certo”.
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Ao longo de seus comícios e dezenas de entrevistas na televisão, a narrativa empenhada por Erdogan para os seus eleitores mais conservadores era a de que ele precisava garantir a vitória sobre Kilicdaroglu e seus aliados, que são apaziguadores de militantes curdos e pró-LGBTQ. Erdogan disse que espera que seu “povo patriótico e nacionalista ensine uma lição à oposição” nas urnas.
Kilicdaroglu disse repetidamente que condena todas as formas de terrorismo e também intensificou sua retórica nacionalista, prometendo a expulsão de migrantes. Ele conseguiu o endosso do Partido Zafer, de direita, embora o perigo seja que ele perca parte do apoio curdo que conquistou no primeiro turno e precise derrubar Erdogan.
Ele também alvejou os temores entre alguns eleitores sobre a aliança eleitoral de Erdogan, que inclui partidos islâmicos periféricos. Para muitos turcos pró-seculares, a votação equivale a um referendo com consequências na vida cotidiana sob um governo pró-islâmico cada vez mais autoritário.
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Desafios na economia
Mas aconteça o que acontecer, o desafio mais imediato para a Turquia e para quem vencer no domingo é a economia. O presidente enfrentará uma moeda enfraquecida, reservas em moeda estrangeira esgotadas e um emaranhado de regulamentações implementadas pelo círculo interno de tecnocratas de Erdogan que causaram confusão no setor bancário.
A fixação de Erdogan em custos de empréstimos ultrabaixos levou os investidores estrangeiros à saída e a inflação acima de 85% no ano passado. Os principais assessores econômicos da oposição alertaram que o país caminha para uma crise no balanço de pagamentos.
Por outro lado, Erdogan disse que a Turquia logo terá um superávit em conta corrente e continua a defender incansavelmente a visão de que a inflação pode ser reduzida com baixos custos de empréstimos.
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Para compensar a erosão do poder de compra, ele aumentou o salário mínimo e as pensões, ampliou a aposentadoria antecipada e subsidiou contas de serviços públicos no valor de US$ 32 bilhões no último orçamento.
Embora os economistas digam que a Turquia terá que voltar à formulação de políticas convencionais, essa transição seria mais lenta sob Erdogan.
Recuperar os investidores globais será um “empreendimento gigantesco”, de acordo com Selva Bahar Baziki, da Bloomberg Economics, exigindo uma desconstrução completa do mix de políticas econômicas do país.
“Os investidores não devem esperar uma mudança fundamental na abordagem pouco ortodoxa da Turquia para a formulação de políticas econômicas tão cedo”, disse Hamish Kinnear, analista sênior da empresa de inteligência de risco Verisk Maplecroft.
“A crença de Erdogan de que taxas de juros mais baixas levam a uma inflação mais baixa, o que influencia a política monetária, continuará a assustar os mercados.”
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