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(ANSA) – O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello teria prometido a um grupo de intermediadores adquirir 30 milhões de doses da vacina chinesa CoronaVac, ofertadas ao governo brasileiro, por quase o triplo do valor negociado com o Instituto Butantan.
A informação foi publicada nesta sexta-feira (16) pelo jornal “Folha de S.Paulo“, que obteve um vídeo no qual Pazuello relata o que seria o resumo de uma negociação. A gravação já está de posse da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado.
O encontro foi realizado no gabinete do então secretário-executivo da pasta, o coronel da reserva Elcio Franco, no dia 11 de março, em uma reunião fora da agenda oficial. Aparecem no vídeo o general do Exército e quatro pessoas que representariam a World Brands, uma empresa de Santa Catarina que lida com comércio exterior.
“Já saímos daqui hoje com o memorando de entendimento já assinado e com o compromisso do ministério de celebrar, no mais curto prazo, o contrato para podermos receber essas 30 milhões de doses no mais curto prazo possível para atender a nossa população”, diz o então ministro, segundo quem a compra seria feita diretamente com o governo chinês.
A proposta da World Brands — também obtida pelo jornal — oferecia as 30 milhões de doses da vacina do laboratório chinês Sinovac pelo preço de US$ 28 cada dose, e com depósito de metade do valor total da compra — R$ 4,65 bilhões, considerando a cotação do dólar à época — até dois dias após a assinatura do contrato.
Na ocasião, o governo brasileiro já havia anunciado, dois meses antes, a aquisição de 100 milhões de doses da CoronaVac junto ao Butantan, pelo preço de US$10 a dose. Pazuello foi exonerado do cargo quatro dias depois do encontro em questão, no dia 15 de março.
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Além do preço ser quase o triplo do valor, a reunião contradiz a declaração do próprio Pazuello à CPI da Covid, em 19 de maio.
Durante seu depoimento, o general afirmou aos senadores que não comandou negociações com a Pfizer, argumentando que um ministro não deve receber ou negociar com uma empresa.
“Pela simples razão de que eu sou o dirigente máximo, eu sou o ‘decisor’, eu não posso negociar com a empresa. Quem negocia com a empresa é o nível administrativo, não o ministro. Se o ministro… Jamais deve receber uma empresa, o senhor deveria saber disso”, disse Pazuello à CPI.
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De acordo com um ex-auxiliar do então ministro, ouvido pela Folha, a ideia era divulgar o vídeo na forma de propaganda nas redes sociais oficiais do governo, mostrando o avanço de uma negociação, no momento em que a administração de Jair Bolsonaro era pressionada para comprar mais vacinas anti-Covid.
Conforme apurações da CPI, no entanto, a carta de intenção de compra estava prestes a ser assinada, mas ficou pendente com a troca de Pazuello pelo ministro Marcelo Queiroga.
Procurados pelo jornal, Pazuello, Elcio e a Casa Civil — onde os militares hoje despacham como assessores de Bolsonaro — não se manifestaram sobre a reunião.
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Por sua vez, a Sinovac disse em nota que APENAS (em letras garrafais, na resposta em inglês) o Instituto Butantan pode oferecer a CoronaVac no Brasil.
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