Dólar “blue” na Argentina caminha para bater recorde da era Milei nesta 2ª feira

Cotação paralela da moeda americana mais utilizada no país estava entre 1.310 e 1.330 pesos nesta tarde; adiantamentos de bônus de final de ano e taxa de juros real negativa explicam o momento

Roberto de Lira

Imagem de nota de 100 dólares com foto do presidente da Argentina, Javier Milei  - 16/11/2023 (Foto: Matias Baglietto/Reuters)
Imagem de nota de 100 dólares com foto do presidente da Argentina, Javier Milei - 16/11/2023 (Foto: Matias Baglietto/Reuters)

Publicidade

O dólar “blue” a cotação paralela da moeda americana mais utilizada na Argentina, caminha nesta segunda-feira (24) para fechar em seu maior patamar na gestão de Javier Milei.

Os sites de notícias do país apontam que a moeda estava sendo cotada nesta tarde a 1.310 pesos para a compra e 1.330 pesos na venda nos pontos não oficiais chamado de “cuevas”. O maior patamar até agora no fechamento foram os 1.305 de 18 de junho.

A cotação oficial pelo Banco Central da Argentina está em 887  pesos para a compra 927 para a venda.

Continua depois da publicidade

A desvalorização tem ocorrido a despeito das recentes boas notícias no front econômico, como a aprovação pelo Senado de um projeto alterado da Lei de Bases e do pacote fiscal, além da contínua desaceleração do indicador oficial de inflação ao consumidor.

Entre os motivos para esse comportamento do mercado de câmbio, os especialistas destacam fatores sazonais e estruturais.

O país teve apenas dois dias úteis na semana passada – houve feriado em 17, 20 e 21 de junho – para a comercialização oficial da divisa dos EUA. Além disso, no dia 19, os comemoraram o Dia da Emancipação, o que também afetou a comercialização, jogando um forte volume de procura para hoje.

Continua depois da publicidade

Outro fator sazonal  importante é que as empresas começaram a fazer os pagamentos de metade dos bônus e gratificações de Natal. Muitos poupadores optam pela demanda antecipada por moeda estrangeira diante de um possível excedente de pesos – quando a demanda excede a oferta, eleva o preço.

Adiantamentos referentes às férias de inverno entram na mesma explicação.

Outro motivo é que a taxa de juros real continua negativa na Argentina, um fato que já gerou uma advertência pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). O dólar livre vem batendo a inflação há dois meses – de janeiro a maio, a cotação teve variação de cerca de 30%, ante uma inflação de 71,2% no mesmo período.