Diretora do Fed diz não ver corte de juros em 2024, mas ressalta dependência de dados

Michelle Bowman diz que o aumento da imigração, o avanço salarial de 4% ou acima e o aperto contínuo do mercado de trabalho podem resultar em persistência da inflação de serviços

Estadão Conteúdo

A diretora do Federal Reserve Michelle Bowman (Foto: Ann Saphir/Reuters)
A diretora do Federal Reserve Michelle Bowman (Foto: Ann Saphir/Reuters)

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A diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Michelle Bowman reiterou suas projeções para os juros dos Estados Unidos em 2024, ao ser questionada durante o evento Policy Exchange, em Londres. Bowman, que tem direito a voto nas reuniões do Fomc, afirmou que não vê nenhum corte de juros em 2024 e passou perspectivas de flexibilização para 2025. “Mas alterei meu método de decisão para um modelo dependente de cenários”, disse.

 

Conforme a dirigente, essa postura permite a análise de dados e pode permitir cortes de juros, caso ocorra progresso na inflação ou uma deterioração do emprego nos EUA.

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No entanto, Bowman apontou que os preços tiveram progresso apenas modesto em 2024 e o mercado de trabalho segue apertado, apesar do recente equilíbrio entre oferta e demanda.

 

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A dirigente projetou que o aumento da imigração, o avanço salarial de 4% ou acima e o aperto contínuo do mercado de trabalho podem resultar em persistência da inflação de serviços, cenário inconsistente com a estabilidade de preços em 2%.

 

Os cenários estipulados por Bowman incluem ainda outros riscos de aceleração da inflação, como tensões geopolíticas e o aumento da demanda por relaxamento de condições financeiras ou estímulos fiscais adicionais.

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Por outro lado, o crescimento econômico dos EUA deve desacelerar, acompanhando o arrefecimento dos gastos com consumo e da atividade do setor imobiliário, ponderou. A dirigente também reconheceu que houve moderação nas pressões inflacionárias e na demanda por mão de obra no último ano, como resultado da política monetária restritiva do BC americano.

 

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Em discurso preparado para o evento, Bowman também voltou a criticar as mudanças propostas pelo Fed e outros órgãos reguladores americanos para alterar regras de capital bancário com base nos modelos da Basileia III, alertando sobre eventuais riscos para o sistema financeiro dos EUA.