Desempenho dos serviços em julho aponta segundo semestre aquecido para o setor, dizem analistas

Mês de férias e redução do preço dos combustíveis ajudaram; analistas veem novas altas nas projeções para o PIB como prováveis

Equipe InfoMoney

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O desempenho do setor de serviços acima do esperado em julho – o IBGE divulgou nesta manhã uma expansão de 1,1% na comparação com junho, quando o consenso de mercado esperava alta de 0,5% – acendeu entre analistas expectativas de um segundo semestre mais positivo e de possíveis melhoras nas projeções para o PIB de 2022.

Para Rodolfo Margato, economista da XP, além da surpresa positiva do dado, há uma boa perspectiva à frente. “O efeito de carrego estatístico para o desempenho do setor terciário no terceiro trimestre consiste em alta de 1,8% frente ao trimestre imediatamente anterior – houve elevação de 1,3% no segundo trimestre”, avaliou.

Para Margato, a leitura de julho mostrou sinais mistos entre as atividades de serviços, já que três entre os cinco grupos monitorados pelo IBGE tiveram expansão na comparação mensal. Ele destacou que o grupo de Serviços Prestados às Famílias registrou em julho o quinto ganho mensal consecutivo (0,6%), o que significa crescimento acumulado de quase 10% desde março. Também mereceram destaque pelo economista a sólida recuperação dos Serviços de Alojamento e Alimentação (2,0% em julho face a junho), refletindo o aumento da interação social, a retomada das atividades turísticas, de eventos corporativos e sociais, etc.

“Em nossa visão, o setor terciário continuará em trajetória altista até o final do ano, ainda que a um ritmo mais moderado em relação ao semestre passado. A massa de renda real disponível às famílias deverá permanecer em níveis relativamente elevados no curto prazo, devido sobretudo à recuperação do mercado de trabalho combinada a estímulos fiscais adicionais”, afirmou.

O Tracker XP para o crescimento do PIB do terceiro trimestre melhorou de 0,5% para 0,6% em relação ao segundo trimestre e de 3,5% para 3,6% na comparação com o terceiro trimestre de 2021. Conforme publicado no último relatório Brasil Macro Mensal da casa, a projeção é de que o PIB do Brasil deva crescer 2,8% em 2022 e 1,0% em 2023.

Revisões do PIB

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, classificou o resultado dos serviços em julho como “surpresa positiva”. Para ele, isso reforça que o segundo semestre continuará com atividade mais forte, o que levará a projeções maiores para o PIB do ano, entre 2,5% e 3%.

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Para Luca Mercadante, economista da Rio Bravo, o resultado acima das expectativas do mercado veio acompanhado ainda de um componente qualitativo, com a maioria das categorias apresentando alta. “O resultado reforça a ideia de que mesmo que vejamos uma desaceleração da atividade no terceiro trimestre, fruto dos efeitos da política monetária, ela deve ser mais lenta e gradual do que se antecipava há algumas semanas, antes da divulgação do PIB”, afirmou.

Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter, também destacou no Twitter a disseminação os bons resultados em várias categorias, com especialmente para TI e Transportes. “A queda dos combustíveis já pode estar contribuindo para o aumento real do consumo em alguns setores. Mais revisões positivas do PIB vem por aí”, previu.

Na análise do BTG Pactual, caso o setor apresente estabilidade em agosto e setembro, o segmento deve crescer 1,8% frente ao segundo trimestre, deixando uma contribuição positiva para o crescimento da atividade econômica no período. “No curto prazo, diante do aumento do Auxílio Brasil para R$ 600, além da melhora no mercado de trabalho e da renda das famílias as perspectivas para o segmento são positivas.”

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Possível desaceleração

A análise do Itaú Unibanco, por sua vez, pondera que, apesar da forte leitura de julho, é provável que o setor de serviços desacelere no segundo semestre, devido à diminuição da renda disponível e a um efeito cada vez menor da reabertura da economia nos números. “O nosso indicador diário de atividade econômica (IDAT) aponta para uma queda dos serviços prestados às famílias em agosto”, apontou o relatório

A economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta, disse que o dado de julho foi muito positivo, mas concorda com as previsões mais conservadoras. “Os dados devem ser olhados com parcimônia porque julho é mês de férias e é natural que esses índices cresçam.”, afirmou. O segundo ponto importante que deve ser analisado, segundo a economista, é que o cálculo do IBGE para dessazonalizar o índice leva em conta movimento do ano passado, quando ainda havia limitações na circulação de pessoas e restrições a viagens, por conta da pandemia.

Carla também destacou que, enquanto o volume de serviços foi 1,1% maior em julho, a receita nominal do setor cresceu menos (0,9%), o que aponta que não houve pressão inflacionária.

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