Déficit em conta corrente recua para 1,32% do PIB em 2023, diz BC

No ano cheio de 2023, o déficit em transações correntes somou US$ 28,6 bilhões, recuando em relação aos US$ 48,3 bilhões (2,47% do PIB) divulgados em 2022; dado de dezembro foi negativo em US$ 5,8 bilhões

Roberto de Lira

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O balanço de pagamentos do Brasil mostrou um déficit de transações correntes de  US$ 5,8 bilhões em dezembro de 2023, inferior ao saldo negativo de US$ 7,5 bilhões observado em dezembro de 2022, informou o Banco Central nesta segunda-feira (5).

No ano cheio de 2023, o déficit em transações correntes somou US$ 28,6 bilhões (1,32% do PIB), recuando em relação aos US$ 48,3 bilhões (2,47% do PIB) divulgados em 2022.

A redução de US$ 19,6 bilhões no déficit do ano foi atribuída à ampliação de US$ 36,4 bilhões no superávit da balança comercial e à redução de US$ 2,0 bilhões no déficit de serviços, compensados parcialmente pelos aumentos nos déficits de renda primária (US$ 15,9 bilhões), e de renda secundária (US$2,9 bilhões).

Para o resultado de dezembro, o consenso LSEG de analistas esperava um déficit maior, de US$ 7,428 bilhões.

Bens

Segundo o BC, a balança comercial de bens foi superavitária em US$ 7,3 bilhões em dezembro de 2023, ante saldo positivo de US$ 2,9 bilhões em dezembro de 2022.

As exportações de bens totalizaram US$ 29,1 bilhões no mês, um aumento de 7,4% na comparação interanual, enquanto as importações recuaram 9,8%, na mesma base de comparação, totalizando US$ 21,8 bilhões.

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No ano todo de 2023, as exportações de bens registraram o maior valor da série histórica, US$ 344,4 bilhões, o que representou um aumento de 1,2% em relação a 2022. Já as importações somaram US$ 263,9 bilhões, com recuo de 10,9% em relação ao ano anterior.

Serviços

O déficit na conta de serviços totalizou US$ 3,8 bilhões em dezembro de 2023, ante déficit de US$ 3,6 bilhões em dezembro de 2022.

A conta de transportes registrou despesas líquidas de US$ 1,3 bilhão, um recuo de 7,9% na comparação com dezembro de 2022, devido a menores gastos em fretes.

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As despesas líquidas com viagens internacionais alcançaram US$ 459 milhões, com recuo de 20,1% em relação a dezembro de 2022 – com aumentos de 32,0% nas receitas (para US$622 milhões) e de 3,3% nas despesas (para US$1,1 bilhão).

Já as despesas líquidas com aluguel de equipamentos totalizaram US$ 948 milhões, aumento de 16,8% em comparação a dezembro de 2022.

No ano todo de 2023, o déficit em serviços somou US$ 37,6 bilhões, um recuo de 5,1% comparativamente ao déficit em 2022 (de US$ 39,6 bilhões). Destacaram-se a redução das despesas líquidas de transportes (US$ 6,5 bilhões) e os aumentos das despesas líquidas de serviços culturais, pessoais e recreativos (US$ 2,4 bilhões), e telecomunicação, computação e informações (US$ 1,6 bilhão).

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Renda primária

O déficit em renda primária somou US$ 9,3 bilhões em dezembro de 2023, um aumento de 30,9% comparativamente ao déficit de US$7,1 bilhões em dezembro de 2022.

As despesas líquidas com lucros e dividendos de investimentos direto e em carteira totalizaram US$ 4,4 bilhões, uma elevação de 5,2% ante US$ 4,2 bilhões em dezembro de 2022.

 As despesas líquidas com juros somaram US$ 4,9 bilhões em dezembro de 2023, US$ 2,0 bilhões superiores ao resultado de dezembro do ano anterior. Esse acréscimo decorreu, principalmente, de elevação das taxas de juros nos mercados internacionais, e operações de conversão de juros em principal.

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No ano de 2023, o déficit em renda primária totalizou US$ 72,4 bilhões, 28,1% acima do déficit de US$ 56,5 bilhões ocorrido em 2022.

As despesas líquidas de lucros e dividendos de investimento direto e em carteira somaram US$45,0 bilhões em 2023, 21,5% acima dos US$ 37,1 bilhões observados em 2022.

Nessa comparação, as despesas brutas decresceram US$ 1,6 bilhão, enquanto as receitas recuaram US$9,6 bilhões. As despesas líquidas de juros somaram US$27,7 bilhões em 2023, aumento de 41,4% em relação aos US$ 19,6 bilhões em 2022. Em 2023 houve crescimentos de 33,7% nas receitas de juros, para US$ 10,0 bilhões, e de 39,3% nas despesas brutas de juros, para US$ 37,7 bilhões.