Decisão da Moody’s olha mais para “retrovisor do que para frente”, avalia Exploritas

Economista-chefe da casa, Andrei Spacov, crê que as reformas estruturais desde 2016, como da Previdência, trabalhista, como fatores importantes para elevação do rating brasileiro

Augusto Diniz

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A decisão da agência de classificação de risco Moody’s de elevar o rating do Brasil de Ba2 para Ba1, um degrau abaixo de grau investimento, na terça-feira (1), tem maior relação com medidas passadas realizadas nas contas do País, do que com expectativas a respeito de iniciativas futuras. A avaliação é de Andrei Spacov, economista-chefe da Exploritas.

“As pessoas às vezes confundem. As agências de rating estão mais olhando para o retrovisor do que para frente”, avalia. “Considero essa decisão da Moody’s muito mais um reconhecimento pelo que o Brasil fez nos últimos cinco, dez anos, em termos de reformas estruturais e melhora do perfil de crescimento”, afirma.

O economista ressalta que o Brasil está apresentando três anos seguidos de expansão acima de 3%. “Se olharmos no passado, isso é raro no Brasil, crescer nesses níveis três anos seguidos”, destaca.

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Spacov crê que as reformas estruturais desde 2016, como da Previdência, trabalhista e, mais recentemente, a tributária, como fatores importantes para o país aos olhos da agência de risco. Ele também ressalta a conquista da independência do Banco Central.

“A Moody’s era uma agência que ainda não tinha reagido a isso. Já o mercado está muito mais preocupado com os próximos dez anos”, diz. Ele acrescenta que a Moody’s é a agência que mais leva em conta o crescimento econômico na sua classificação.

“Antes da pandemia, o Brasil crescia 1,1%, 1,2% e a gente está vindo de três anos de avanço de 3%”, afirma.

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Outras agências

A Fitch e a S&P mantêm o Brasil dois degraus abaixo do grau de investimento, lembra o profissional. “A Moody’s tem uma visão muito mais construtiva de Brasil do que as outras agências. Se olhar os últimos anos, elas rebaixaram o Brasil uma vez mais do que a Moody’s. Elas chegaram a três degraus abaixo do grau de investimento e a Moody’s nunca foi abaixo de dois degraus de investimento”, comenta.

Em 2023, tanto a Fitch como a S&P deram upgrades na nota de crédito do Brasil. “Elas trouxeram para o mesmo nível da Moody’s e agora a Moody’s foi para um nível acima delas”, ressalta.

“Não acho que eles vão andar mais rápido. Eles acabaram de mexer no rating do Brasil. Talvez tivesse que dar um sinal melhor sobre o fiscal para eles se mexerem”, afirma. Spacov crê que tanto a Fitch como a S&P elevaram a nota do Brasil ano passado muito baseado no que fez agora a Moody’s.

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Desconfiança do mercado

O economista-chefe da Exploritas avalia, no entanto, que o mercado está com receio que o Brasil afrouxe no esforço de fazer reformas, o que levou alguns analistas a questionarem a elevação do rating pela Moody’s. “Inclusive, pode voltar a ter uma situação ruim em termos de dívida pública adiante”, destacou ele.

“Muita gente no mercado olha esse crescimento como anabolizado pela expansão fiscal. Em parte isso é verdade, mas também em parte é verdade que a gente está colhendo louros principalmente da reforma trabalhista, com (aquecido) mercado de trabalho”, diz.

Para Andrei Spacov, “o governo precisa dar sinais melhores para o futuro do ponto de vista fiscal para trazer alguma melhora mais relevante do ponto de vista de mercado”.

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