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Mais do que uma crise econômica, o Brasil vive uma crise de liderança e caiu na armadilha do populismo que o condenou a anos de fraco desempenho econômico. A avaliação foi compartilhada nesta terça-feira por economistas de bancos e gestoras de recursos em debate promovido pela Brazilian-American Chamber of Commerce sobre os cenários político e econômico do País.
“A crise de liderança está no centro do problema. O Brasil viveu mais de 20 anos de regime militar e depois 40 anos lutando contra os fantasmas do regime militar”, comentou Drausio Giacomelli, chefe da equipe de pesquisas de mercados emergentes do Deutsche Bank Securities.
Na avaliação de Giacomelli, o Brasil precisa superar a divisão entre direita e esquerda para que a lógica de “ação e reação”, que se traduz na falta de progresso econômico, dê lugar a um país onde as políticas de governo fazem sentido. A vantagem do Brasil, considerou, é que sua população tem mais em comum do que o debate político possa sugerir.
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Para Pedro Jobim, sócio fundador da gestora Legacy Capital, as dificuldades brasileiras não se limitam a problemas cíclicos ou que poderiam ser resolvidos apenas por reformas. Além de citar a instabilidade política que permeia quatro décadas de estagnação econômica, ele comentou que, salvo uma mudança inesperada de tendência, o Brasil caminha a uma escolha novamente populista nas eleições deste ano. A referência é aos dois candidatos que estão na frente das pesquisas de intenção de voto: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL).
“Existe algo mais profundo acontecendo aqui”, afirmou Jobim, para quem o país não consegue escapar da armadilha do populismo.
Ao colocar o seu argumento sob perspectiva histórica, o sócio da Legacy lembrou que entre 2003 e 2012 o Brasil conseguiu crescer ao redor de 3% e com inflação em declínio por conta de um ambiente no qual as metas fiscais eram observadas.
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Já em ciclos de desorganização fiscal, como acontece neste momento, após as mudanças do arcabouço fiscal que abriram espaço a mais gastos públicos neste ano, as expectativas de inflação costumam piorar no Brasil, resultando em aumentos de juros que esfriam a atividade econômica. “Do ponto de vista de bem-estar da população, ainda estamos longe da situação da Venezuela, ou mesmo da Argentina, mas seguimos avançando devagar na direção correta pela perspectiva de longo prazo”, assinalou.
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