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(Bloomberg) — “Desta vez é diferente” podem ser as palavras mais perigosas no mundo dos negócios: bilhões de dólares foram perdidos apostando que a história não se repetiria. Mas agora, no mercado de petróleo, parece que desta vez realmente será diferente.
Pela primeira vez em décadas, petroleiras não estão com pressa para aumentar a produção e aproveitar a alta dos preços do petróleo, à medida que o barril tipo Brent se aproxima de US$ 70. Mesmo no Permiano, a prolífica bacia de gás de xisto no centro do boom do setor de energia dos EUA, as petrolíferas resistem em embarcar novamente na onda de gastos, que no passado foi seguida por perdas.
A indústria do petróleo está na corda bamba, limitada por investidores de Wall Street que exigem menos investimentos em perfurações e mais dividendos aos acionistas. Além disso, há o peso de ativistas climáticos, que combatem combustíveis fósseis. A Exxon Mobil reflete essa tendência, após a derrota liderada por um minúsculo investidor ativista na escolha de membros do conselho.
Os dramáticos eventos que marcaram o setor na semana passada apenas reforçam o que surge como oportunidade para produtores da Opep+, dando à coalizão liderada pela Arábia Saudita e Rússia mais margem de manobra para retomar a própria produção. Como a oferta fora da Opep não consegue se recuperar tão rápido quantos muitos esperavam – ou temiam com base na experiência anterior -, o cartel provavelmente continuará aumentando a produção quando se reunir em 1º de junho.
‘Criminalização’
Acionistas pedem que a Exxon perfure menos e se concentre em pagamentos de dividendos aos investidores. “Eles têm gastado dinheiro como loucos”, disse Christopher Ailman, diretor de investimentos da CalSTRS. “Nós realmente víamos uma empresa afundando, não sobrevivendo no futuro, a menos que mudasse e se adaptasse. E agora precisam.”
A Exxon não está sozinha. A Royal Dutch Shell perdeu uma batalha na semana passada quando um tribunal holandês ordenou que a empresa reduza as emissões significativamente até 2030 – algo que exigiria menos produção de petróleo. Muitos no setor temem uma onda de processos em outros segmentos, com as principais petrolíferas ocidentais alvos mais imediatos do que estatais de petróleo que respondem pela produção da Opep.
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“Vemos uma mudança da estigmatização para a criminalização do investimento em maior produção de petróleo”, disse Bob McNally, presidente da consultoria Rapidan Energy Group e ex-funcionário da Casa Branca.
Embora seja verdade que a produção fora da Opep+ esteja aumentando desde o crash de 2020 – e em relação aos níveis ultrabaixos de abril e maio do ano passado -, está longe de uma recuperação total. No geral, a produção fora da Opep+ crescerá este ano em 620 mil barris por dia, equivalente a menos da metade da queda de 1,3 milhão de barris por dia em 2020. A previsão de crescimento da oferta durante o resto deste ano “não chega nem perto de corresponder” ao aumento esperado da demanda, de acordo com a Agência Internacional de Energia.
Após 2021, a produção de petróleo deverá aumentar em alguns países, incluindo EUA, Brasil, Canadá e Guiana, novo produtor de petróleo. Mas a produção diminuirá em outros lugares, como Reino Unido, Colômbia, Malásia e Argentina.
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Como a produção fora da Opep+ aumenta menos do que a demanda global por petróleo, o cartel estará no controle do mercado, dizem operadores .É uma grande ruptura com o passado, quando petroleiras responderam aos preços mais altos correndo para investir novamente, impulsionando a produção de países que não fazem parte da Opep e deixando ministros liderados por Abdulaziz bin Salman, da Arábia Saudita, com um mercado muito mais difícil de ser equilibrado.
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