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SÃO PAULO – A chamada taxa de eficácia global da CoronaVac, vacina produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac, ficou abaixo dos 60%, mas é superior aos 50% exigidos pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para que o imunizante possa ser aplicado na população, segundo o site UOL. O portal conversou com duas pessoas que têm acesso ao estudo do Butantan.
De acordo com as fontes, os indivíduos que tomarem a vacina vão criar anticorpos e, mesmo que sejam contaminados, terão apenas sintomas leves, como dor de cabeça, que poderão ser tratados com medicação leve.
O governo de São Paulo e o Butantan marcaram uma coletiva para 12h45 desta desta terça-feira (12) para anunciar a eficácia global da vacina. Isso porque, depois de dois adiamentos, o governo paulista informou que a eficácia ficou em 78% e pediu a autorização do uso emergencial à Anvisa na última sexta-feira (8). Porém essa taxa é referente à capacidade de prevenção da doença em casos mais leves. No caso de sintomas mais graves, a taxa de eficácia foi de 100%, o que significa que nenhum dos voluntários desenvolveu a forma mais grave da Covid-19.
Apesar do otimismo com os resultados após o anúncio, cientistas afirmam que esses números não representam a eficácia final do imunizante. A chamada eficácia global da CoronaVac, que é o número que vai apontar a capacidade da vacina de proteger em todos os casos, não importando o nível de gravidade, deve ser divulgada nesta terça.
O InfoMoney conversou com o Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), que explicou que os dados compartilhados pelo governo paulista foram os de eficácia dos chamados desfechos secundários.
“Quando você faz um estudo clínico você responde algumas perguntas que podem ser: primárias, e, portanto, as principais; e as secundárias, que também são importantes, mas não são o objetivo central. Nesse caso, o desfecho primário é: a eficácia da vacina em relação à Covid-19 e nesse caso ainda não temos essa informação”, disse Kfouri.
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Segundo o médico, o que foi divulgado são esses desfechos secundários, como “efeitos em grupos específicos, quantidade de doses, resposta imune, eficácia contra a hospitalização, casos graves, etc.”
Para chegar a esse índice de eficácia global é necessário considerar o total de voluntários infectados, separá-los entre o grupo que tomou a vacinas e o grupo que recebeu o placebo. Depois, os pesquisadores acompanham os casos e comparam a proporção de casos entre os vacinados e os não vacinados.
Segundo o UOL, a taxa de incidência da doença no grupo vacinado deve ser de menos que a metade da taxa de incidência do grupo que recebeu o placebo, de acordo com os critérios da Anvisa.
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Kfouri ressaltou que a vacina é “ótima”, mesmo se essa eficácia de 60% for confirmada hoje durante a coletiva. “A eficácia de 60% contra qualquer caso de Covid-19 é ótima, os 78% contra casos leves e os 100% contra os casos graves também são muito boas. Quanto mais grave o desfecho, maior a eficácia. Reduzir em 60% todos os casos da doença é muito bom”, explicou. Ele disse que a vacina da gripe, por exemplo, tem eficácia global de 60% contra o vírus influenza.
Anvisa pediu mais informações
Com o pedido de uso emergencial feito à Anvisa, a agência tem até dez dias para anunciar se vai permitir ou não a vacinação. Porém, a agência já solicitou mais informações ao Butantan, que já afirmou que está compilando os dados para entregá-los o mais rápido possível.
Em nota, o Butantan afirmou que “quaisquer informações sobre a eficácia da vacina contra o coronavírus que não sejam as apresentadas pela instituição na última semana são meramente especulativas”. Ainda, o instituto ressaltou que novos dados serão divulgados em coletiva de imprensa nesta terça-feira. “O Butantan é a única instituição biofarmacêutica do país que promove entrevistas coletivas semanais sobre a vacina, testes clínicos, registro na Anvisa, chegada de novas doses e outras informações relevantes”, segundo o texto enviado para a imprensa.
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A promessa do governo paulista é de dar início à vacinação com a CoronaVac no dia 25 de janeiro. De acordo com o Plano Estadual de Imunização, profissionais da saúde, quilombolas, indígenas e idosos terão prioridade.
O consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil divulgou, às 20h de segunda (11), o avanço da pandemia em 24h no país, com forte alta de novos casos e mortes.
A média móvel de casos confirmados em 7 dias foi de 54.182, alta de 42% frente o período encerrado 14 dias antes e um recorde. Em apenas um dia foram registrados 29.153 casos. A média móvel de mortes em 7 dias foi de 1.004, alta de 59% frente o patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia houve 477 mortes.
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