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A vacina CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech, é segura e consegue produzir uma resposta imune do organismo contra o coronavírus Sars-CoV-2, informou a revista científica “The Lancet” na noite desta terça-feira (17). A vacina ainda tem capacidade de produzir resposta imune no organismo 28 dias após sua aplicação em 97% dos casos.
João Doria, governador de São Paulo, afirmou que o Instituto Butantan, parceiro da Sinovac nos testes da vacina no Brasil, deve receber o primeiro lote da vacina, com cerca de 120 mil doses, nesta quinta-feira (19), um dia antes do prazo previsto.
“E a vacina do Butantã, a Coronavac, ela chega agora, nesta quinta-feira, chega já o primeiro lote das vacinas. Ela virá em lotes, pronta do laboratório Sinovac, e depois nós produziremos aqui, no próprio Butantã, para os brasileiros de São Paulo e brasileiros de todo o país, isso se o Ministério da Saúde entender, como deveria, que a vacina é para todos. Aliás, essa é a nossa defesa”, afirmou Doria em entrevista ao programa Passando a Limpo, de uma rádio e Pernambuco também nesta terça-feira (17).
A vacina está na fase final de testes. “Nós temos a última fase da pesquisa, a última e derradeira. Estamos provavelmente nas últimas duas, três semanas dessa fase final da pesquisa para submeter os resultados à Anvisa. Estamos seguindo rigorosamente o protocolo internacional de testagem da vacina e também é o protocolo da Anvisa”, disse Doria à rádio.
A expectativa é de que o Butantã produza cerca de 45 milhões de doses.
Eficácia ainda precisa ser comprovada
Os resultados confirmam, assim, as informações que haviam sido divulgadas pelos pesquisadores da China. Já a eficácia contra a Covid-19 precisará ser comprovada com os testes da etapa final, que também estão sendo realizados no Brasil, com milhares de voluntários.
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O estudo analisou 743 pacientes que receberam a imunização nas fases iniciais – 1 e 2 – do estudo clínico: a primeira delas, mede a segurança da vacina no corpo humano; já a segunda analisa também a segurança bem como se o imunizante é capaz de gerar uma resposta ao vírus.
As duas fases iniciais do estudo foram conduzidas no condado de Suining, na província de Jiangsu, com pacientes saudáveis que não tinham contraído a Covid-19.
Segundo os dados publicados pela “The Lancet”, os adultos tinham de 18 a 59 anos e foram escolhidos aleatoriamente para receber duas doses da CoronaVac: alguns receberam um dose de 3 microgramas, outros uma de 6mcg e um grupo de controle recebeu placebo. Ainda conforme o estudo, a resposta com anticorpos foi induzida em 28 dias e com as duas dosagens.
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“Os nossos resultados mostram que a CoronaVac é capaz de induzir uma resposta dos anticorpos em até quatro semanas após a administração, com duas doses no período de 14 dias entre elas. Isso torna a vacina adaptada para o uso de emergência durante a pandemia”, ressaltou um dos diretores do centro provincial Jiangsu para Controle e Prevenção de Doenças, Fengcai Zhu.
Apesar da CoronaVac estar na fase 3 dos testes em humanos, portanto, a última etapa antes da aprovação, essa foi a primeira publicação oficial dos testes. As outras vacinas em fase 3 já tinham tido seus resultados de fase 1 e 2 publicados.
Vantagem?
A CoronaVac é uma das 48 candidatas a vacina contra o novo coronavírus cadastradas na Organização Mundial da Saúde (OMS) e, atualmente, está na fase 3 de testes clínicos.
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Ela tem como base um método tradicional de produção de imunização, com um vírus inativado a partir de uma cepa do Sars-CoV-2. A Sinovac é especialista neste tipo de vacina, tendo sido a primeira empresa do mundo a desenvolver uma imunização contra o vírus H1N1, por exemplo.
“A CoronaVac é uma das tantas vacinas anti-Covid atualmente em teste e pode representar uma opção atraente porque pode ser conservada em refrigeração padrão, entre 2ºC e 8ºC, como ocorre com a maior parte das vacinas em uso atualmente, incluindo a contra a gripe”, destacou um dos autores dos testes e diretores da Sinovac, Gang Zeng.
O responsável ainda afirmou que, por conta disso, a vacina pode ser conservada “e ficar estável por até três anos, o que é uma das vantagens para a distribuição também para lugares remotos”.
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A fala do representante da Sinovac refere-se ao fato de que duas das três vacinas que apresentaram eficácia em um estudo preliminar são feitas com uma nova tecnologia que usa RNA mensageiro (mRNA) e que precisam de refrigeração fora do padrão: a da Pfizer/BioNTech precisa ser mantida a -80ºC; já a da Moderna pode ser conservada em temperatura padrão (2ºC a 8ºC), mas precisa ser transportada a -20ºC.
As farmacêuticas Pfizer e Moderna divulgaram resultados preliminares da fase 3, com base em análise interina de dados recentemente.
A vacina da Pfizer apresentou eficácia de 90%, enquanto a da Moderna de 94,5% – mas os detalhes de cada resultado ainda não foram publicados em revistas científicas.
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O Instituto Gamaleya, instituição russa de pesquisa, também anunciou que a Sputnik V, vacina desenvolvida no país, apresentou 92% de eficácia na prevenção da Covid-19. Os dados preliminares ainda precisam ser revisados por cientistas.
Por fim, vale lembrar que mesmo após uma aprovação, o caminho até a aplicação da vacina em toda a população é longo. O InfoMoney já mostrou os detalhes em uma reportagem sobre o tema.
(Com ANSA)