Coesão e compromisso com a meta foram mensagens importantes no Copom, diz Guillen

Diretor de Política Econômica do BC não deu sinais sobre futuras decisões sobre juros, que podem ser tanto de manutenção por um período longo como de alta; ele também alertou para o custo desinflacionário

Estadão Conteúdo

Diogo Abry Guillen, diretor do BC
(Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
Diogo Abry Guillen, diretor do BC (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

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Embora os termos “cautela”, “vigilância” e “acompanhamento diligente” tenham sido os mais destacados pelo mercado em suas análises da ata da última reunião do Copom, o diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Diogo Guillen, deu ênfase em evento realizado na noite de terça-feira (13) às mensagens de “coesão” entre os membros do colegiado na última comunicação e de “compromisso”, em relação ao atingimento da meta de inflação de 3%.

Durante a palestra “Perspectivas Econômicas”, proferida no evento Prêmios Broadcast: Analistas, Empresas, Projeções, realizado em São Paulo, ele evitou dar sinalizações sobre as decisões de política monetária à frente.

“A visão é de que o último Copom foi sobre o último Copom, ele não foi uma antecipação do próximo Copom, a gente vai utilizar o período para ir observando, avaliando qual é a melhor estratégia e não é para se comprometer”, disse Guillen.

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Ele reforçou que, de um lado, há a estratégia de manutenção da taxa de juros por um tempo suficientemente longo, e de outro, a visão de que o colegiado não vai hesitar em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta.

Custo da desinflação

Guillen reforçou a importância de se reancorar as expectativas de inflação para reduzir o custo desinflacionário. Ele repetiu a mensagem do presidente do BC, Roberto Campos Neto, de que o Comitê de Política Monetária vê um arrefecimento do processo de desinflação no País.

“As expectativas desancoradas aumentam muito o custo e, para trazer a inflação para meta tem um impacto sobre a atividade muito maior. Então, é nosso papel e uma parte da nossa missão, reancorar expectativas, mas salvaguardando a credibilidade”, disse.

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Inflação de serviços

Outro tema que ele pontuou estar sendo tratado pelo BC desde agosto de 2022, é a questão da inflação de serviços. De acordo com ele, esse indicador é “um bom termômetro” dos demais determinantes da inflação geral.

O diretor repetiu o que o BC vem trazendo em seus comunicados oficiais, citando que o processo de desinflação arrefeceu e que os dados de inflação corrente estão vindo acima do imaginado. “O cenário prospectivo se torna mais desafiador, com o aumento das projeções de médio prazo mesmo em uma trajetória de taxa de juros mais elevada. Mas é um ponto importante, você olhar as projeções subindo”, disse.

Ele acrescentou que a percepção é a de que uma curva de juros mais alta não foi suficiente para trazer as expectativas de inflação ou as projeções para baixo. Daí, de acordo com ele, a necessidade de uma avaliação ainda mais cautelosa e de acompanhamento dos cenários.

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O diretor de Política Econômica do BC disse que um dos pontos que o Comitê de Política Monetária tem monitorado com atenção é o desenvolvimento recente da política fiscal, que impacta na condução da política monetária e nos ativos financeiros.

Guillen também comentou que o desenvolvimento da renda tem sido um tema de muito debate nos dois ou três últimos ciclos e suas relações com o consumo. Ele citou que o nível de ocupação vem surpreendendo, assim como os ganhos reais de salários, o que vem sendo verificado nos últimos oito ou nove meses.

“Focus das empresas”

Guillen disse que os resultados da pesquisa Firmus do BC, que busca à exemplo do Boletim Focus captar a percepção de empresas não-financeiras sobre os seus negócios e a economia brasileira, são semelhantes ao que se via em vários países.

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De acordo com ele, tem um trabalho a ser feito e que o BC tem ambições de olhar setores, olhar tamanho de empresa, começar a fazer um monte de quebras para discutir essas expectativas.

“Esse é o caminho, esse aqui é só um início de discussão de expectativas de empresas. E ainda há um outro lado que são as expectativas dos ‘professional forecasts’. Que é o questionário pré-Copom e o Focus”, disse o diretor .

(Com Reuters)