CNI eleva projeção do PIB para 2,1% em 2023, mas prevê queda de 0,9% para a indústria de transformação

Entidade diz que a indústria vem mostrando um quadro de estagnação, mantendo nível de atividade inferior ao registrado antes da pandemia

Roberto de Lira

(Getty Images)
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A Confederação Nacional da Indústria (CNI) elevou sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 1,2% para 2,1%, de acordo com o Informe Conjuntural da entidade, referente ao segundo trimestre do ano, divulgado nesta quinta-feira (13). A projeção para o PIB industrial é de uma alta de 0,6% no ano, mas o produto interno bruto específico da indústria de transformação deve recuar 0,9%.

“A expansão de 2,1% é relevante, mas se isolarmos o resultado da agropecuária, o ritmo de crescimento do Brasil desacelerou. A indústria enfrenta os efeitos dos juros altos, com restrição no crédito bancário, o que vemos penalizar tanto empresários quanto consumidores. Além disso, o setor de serviços, que acumulou avanços expressivos desde 2020, também agora se encontra em movimento de desaceleração”, disse Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI.

Na projeção, a indústria da construção deve encerrar o ano com crescimento de 1,5%, em um comportamento que ainda é remanescente dos ciclos de negócios iniciados em 2020. Para o setor de serviços, é esperado um crescimento de 1,3% em 2023.

Segundo a CNI, o crescimento da economia brasileira no primeiro trimestre superou as expectativas mais otimistas pelo desempenho da agropecuária, que avançou 21,6%. “Uma das explicações para o desempenho desse setor foi a safra agrícola, sobretudo a de soja, revisada para cima repetidas vezes, em contraste a um 2022 de quebra de safra”, diz o documento da entidade. “Para 2023, esperamos um crescimento de 13,2% do PIB da agropecuária, influenciado por essa forte expansão da produção vegetal.”

Contudo, excluído o desempenho de destaque da agropecuária, o cenário de dificuldade da atividade econômica trazido pelos efeitos restritivos da política monetária mais apertada se manteve, comentou a CNI.

A entidade diz que a indústria vem mostrando um quadro de estagnação, mantendo nível de atividade inferior ao registrado antes da pandemia.

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“A produção física da indústria (transformação e extrativa) registrou relativa estabilidade (+0,4%) quando comparamos os primeiros cinco meses de 2023 com os últimos cinco meses de 2022, e permanece 1,5% abaixo do patamar registrado logo antes da pandemia (fevereiro de 2020). O PIB Industrial recuou 0,1% no primeiro trimestre de 2023, na comparação com o 4º trimestre de 2022.”

Para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a projeção da CNI é 4,9% ao final de 2023, menos que os 5,8% observados em 2022, mas superior à meta de 3,25% perseguida Banco Central para o ano.