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SÃO PAULO – A Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC) e a importadora Precisa Medicamentos concluíram uma negociação para a compra de 5 milhões de doses da Covaxin, vacina desenvolvida pela farmacêutica indiana Bharat Biotech, segundo o jornal Valor Econômico.
O jornal afirma que a ABCVAC já está negociando a venda do imunizante para clínicas privadas. Elas têm até a próxima sexta-feira (29) para confirmar pedidos com a Precisa Medicamentos. A associação representa 200 clínicas, que equivalem a 70% do mercado privado nacional.
Vale lembrar que a Covaxin não teve uso emergencial nem registro definitivo aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A agência aprovou apenas o uso de doses da CoronaVac (vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan e pelo laboratório chinês Sinovac) e da Oxford/AstraZeneca (vacina desenvolvida pela universidade e pela farmacêutica britânicas).
Segundo o acordo relatado pelo Valor Econômico, as clínicas poderão adquirir entre 2 mil e 400 mil doses da Covaxin. O valor por dose depende da quantidade comprada, mas vai de US$ 32,71 até US$ 40,78 (entre R$ 174,25 e R$ 217,24, na cotação atual). Os estabelecimentos privados precisam depositar 10% do valor de contrato como adiantamento, que será devolvido caso a Anvisa não aprove a Covaxin.
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Ainda de acordo com o jornal, a Bharat Biotech espera terminar até 25 de fevereiro sua fase 3 de testes clínicos. Essa é a última etapa das pesquisas com vacinas contra Covid-19. No caso da Covaxin, os ensaios envolvem 26 mil voluntários indianos.
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A Bharat Biotech entrará com o pedido de uso emergencial na Anvisa após a conclusão dos estudos, com expectativa de fornecer doses à iniciativa privada brasileira a partir de abril. A vacina indiana, porém, pode enfrentar a ausência de testes clínicos realizados em solo nacional.
Ao Valor Econômico, a importadora Precisa Medicamentos informou que “todas as negociações são desenvolvidas dentro de um ambiente privado e cobertas por termos de confidencialidade. Todas as estratégias e condições comerciais são discutidas exclusivamente dentro do ambiente legítimo, e cobertas por contratos entre as partes, envolvendo apenas clientes e fornecedores. Não reconhecemos nenhum documento que esteja fora do ambiente formal das negociações”.
O InfoMoney entrou em contato com a ABCVAC e com a Precisa Medicamentos. A ABVCAV afirmou em comunicado: “Todas as negociações são desenvolvidas dentro de um ambiente privado e cobertas por Termos de Confidencialidade e todas as estratégias e condições comerciais são discutidas exclusivamente dentro do ambiente legítimo, e cobertas por contratos entre as partes, envolvendo apenas clientes e fornecedores. A ABCVAC não comentará nenhum documento que esteja fora do ambiente formal das negociações”. A Precisa Medicamentos não respondeu até o fechamento desta matéria.
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É importante ressaltar que o governo federal já havia demonstrado interesse na vacina indiana, já que a Covaxin faz parte do Plano Nacional de Operacionalização da Vacina contra a Covid-19 no Brasil. No documento, o governo diz ter firmado um memorando de entendimento com o laboratório indiano para demonstrar a intenção de compra da vacina.
Segundo o Valor Econômico, o governo brasileiro negocia a aquisição de 50 milhões de doses da Covaxin, mas aguarda os resultados da fase 3 de testes clínicos.
Histórico da Covaxin
A negociação das 5 milhões de doses entre ABCVAC e Bharat Biotech já havia sido reportada no começo de janeiro. Na época, a associação afirmou que o imunizante é administrado em duas doses, com intervalo de duas semanas entre elas. A vacina induz um anticorpo neutralizante, “provocando uma resposta imune e levando a resultados eficazes em todos os grupos de controle, sem eventos adversos graves relacionados.”
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O método de produção escolhido pela Bharat Biotech para confeccionar sua vacina é o mesmo que está sendo utilizado para produzir a CoronaVac. A Covaxin recebe o vírus inativado por agentes químicos ou físicos no organismo, fazendo com que o sistema imunológico identifique o invasor e produza defesas contra ele.
Assim, quando o corpo entrar em contato com o vírus real, o sistema imune já terá criado as defesas necessárias para combater a doença. Segundo o Instituto Butantan, a estratégia de trabalhar com o vírus inativo já foi utilizada para o desenvolvimento de várias outras vacinas conhecidas, como o imunizante contra a pólio e contra o vírus do sarampo, por exemplo.