CEO do JPMorgan diz que tendências de longo prazo têm potencial inflacionário

Jamie Dimon afirma na carta anual do banco que gastos fiscais, transição energética, remilitarização do mundo e mudanças no comércio global apontam para inflação maior no futuro ante os últimos 20 aos

Roberto de Lira

Jamie Dimon, CEO do JPMorgan. (Bloomberg)
Jamie Dimon, CEO do JPMorgan. (Bloomberg)

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Há hoje em todo o mundo muita ênfase em dados mensais de curto prazo e muito pouco nas tendências a longo prazo, todas elas com potencial inflacionário, opina Jamie Dimon, CEO do JPMorgan Chase, na sua carta anual que acompanha o relatório do banco de investimentos.

Ele lista entre essas tendências, os enormes gastos fiscais, os trilhões necessários a cada ano para a transição rumo à economia verde, a remilitarização do mundo e a reestruturação do comércio global. “Hoje há um enorme interesse nos dados mensais de inflação, embora me pareça que cada tendência de longo prazo que vejo aumenta a inflação em relação aos últimos 20 anos”, alertou no texto.

Ainda segundo ele, não há certeza se os modelos dos economistas poderiam captar esses efeitos. Assim, “é preciso usar o julgamento se quiser avaliar impactos como esses”.

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Para Dimon, muitos dos principais indicadores econômicos de hoje continuam a ser bons e possivelmente devem melhorar, incluindo a inflação. Mas ao olhar para o amanhã, as condições que afetarão o futuro devem ser consideradas.

“Por exemplo, parece haver um grande número de pressões inflacionárias persistentes, que provavelmente continuarão”, reforça na carta, incluindo os possíveis custos de energia mais altos no futuro, embora atualmente haja um excesso de oferta de gás e capacidade ociosa abundante em petróleo. Isso devido “à falta de investimento necessário na infraestrutura energética”.

Taxas de juros

Nesse cenário, o CEO disse que o JPMorgan Chase está preparado para uma gama muito ampla de taxas de juros, de 2% a 8% ou até mais. Os cenários incluem desde um forte crescimento econômico com inflação moderada até o caso de uma recessão com inflação, ou seja, estagflação.

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“Economicamente, o pior cenário seria a estagflação, que não viria apenas com juros mais altos, mas também com maiores perdas de crédito, menores volumes de negócios e mercados mais difíceis”, detalha.

Ele escreve ainda que os mercados parecem estar precificando uma chance de 70% a 80% de um pouso suave, ou seja, de crescimento modesto junto com inflação e taxas de juros em declínio. Mas ele diz que as chances podem ser muito menores do que isso.

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