Campos Neto relativiza crítica de Lula, mas reforça defesa à independência do BC

Ele argumentou que informações são retiradas de contexto em algumas entrevistas e colocou as declarações de Lula em perspectiva.

Reuters

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BRASÍLIA (Reuters) – O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, relativizou nesta quinta-feira críticas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à independência formal da autoridade monetária, mas reforçou sua defesa à autonomia do órgão e se comprometeu a ficar no cargo até o fim do mandato.

Em seminário promovido pela UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles), Campos Neto disse que a formalização da autonomia do BC por meio de uma lei ajudou a reduzir a volatilidade dos mercados no Brasil e mostrou resiliência.

Ele argumentou que informações são retiradas de contexto em algumas entrevistas e colocou as declarações de Lula em perspectiva.

“Se você olha a entrevista, de um lado, ele se orgulha por (Henrique) Meirelles ter tido independência. De outro lado, o que acho que ele quis dizer foi ‘eu não acho que precisamos ter a independência na lei, pode ter a independência sem a lei e fazer as coisas funcionarem’”, disse.

“Mas quando você pensa no que está acontecendo no Brasil e quão difícil foi o processo da eleição no Brasil, acho que o mercado estaria bem mais volátil se o Banco Central não tivesse a autonomia na lei, seria outro elemento de incerteza”.

Henrique Meirelles presidiu o BC nos dois primeiros governos de Lula (2003-2011).

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Os comentários de Campos Neto foram feitos um dia depois de Lula ter posto em dúvida, em entrevista à GloboNews, a vantagem de um Banco Central autônomo e questionado se os níveis das metas atuais de inflação não são baixos demais.

Em discurso público nesta quinta, Lula voltou a abordar a política monetária, questionando o porquê de a taxa básica de juros estar no nível que está –Lula citou erroneamente uma taxa de 13,5%, quando a Selic já está em 13,75%.

O mandato de Campos Neto na presidência do Banco Central vai até o fim de 2024.

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Na apresentação desta quinta, ao justificar a elevação mais forte das taxas de juros no Brasil após a pandemia, o presidente do BC afirmou que o país tem uma memória viva da inflação. Também afirmou que os cortes de impostos no ano passado tiveram impacto relevante e que, sem eles, o índice de preços estaria agora em 9%, não em 5,5%.

Campos Neto ainda condenou os ataques registrados em Brasília no dia 8 de janeiro deste ano e disse que os atos impactam a credibilidade do Brasil.

“Brasil está passando por momentos difíceis ultimamente, vimos o que aconteceu no dia 8. Nós condenamos fortemente, é inaceitável, espero que sejamos capazes de investigar e punir as pessoas responsáveis por isso. Acho que é um dano para a credibilidade do país e precisamos de credibilidade agora para voltar a crescer em ritmo sustentável”, afirmou.

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Ele também afirmou que o Banco Central vai abrir o protocolo de criação do Pix a quem tiver interesse para que haja um caminho aberto que permita a existência do sistema no exterior.

Segundo ele, o BC já teve conversas sobre o tema com Uruguai, Colômbia, Peru, Equador, Canadá e Estados Unidos.