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SÃO PAULO – O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou, nesta sexta-feira (24), que a autoridade monetária brasileira está “confortável” com a atual fotografia da inflação. Em evento realizado pela XP Investimentos, ele disse que o efeito da alta nos preços de proteína veio mais forte que o esperado, mas também deve se dissipar mais rapidamente.
Ontem (24), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) subiu 0,71% em janeiro na comparação mensal. Foi o maior resultado para o mês desde 2016, o que gerou um estresse pontual no mercado.
“Nesse cenário estamos confortáveis. O choque [de proteína] veio mais rápido, mas achamos que ele se dissipa mais rápido”, afirmou o presidente do BC.
Respondendo à pergunta de um investidor, Campos Neto foi enfático em dizer que a autoridade monetária observa fatores que vão além de dados pontuais.
“Ninguém faz política monetária olhando um IPCA, ainda mais que sabemos que tem muitos fatores atípicos”, disse.
Da mesma forma que choques pontuais não preocupam neste momento, ele disse que o fato de a inflação implícita (projetada em função das curvas de juros no mercado) estar na faixa de 3,5% — portanto abaixo da meta de 4% — não incomoda. O executivo ressaltou, porém, que o mandato de metas de inflação não mudou.
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“Temos que lembrar que existe um ‘gap’ de política monetária, parte do que foi feito não foi totalmente dissipado”, afirmou.
Durante o evento, Campos Neto também chamou atenção para o efeito de medidas macro e microeconômicas sobre a efetividade da política monetária e tratou da importância da continuidade de iniciativas nos dois campos.
“Política monetária em sistema entupido tem um ‘lag’. Quando você está aumentando a pressão e trocando o cano ao mesmo tempo, passa por cima do ‘lag’ e tem fatores novos”, pontuou.