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SÃO PAULO – Em nota a clientes, o Deutsche Bank apontou que o Brasil pode enfrentar a pior recessão da sua história uma vez que a pandemia do coronavírus expõe as reformas ainda não finalizadas no Brasil, além do cenário político.
Os economistas do banco apontam que, embora a prioridade de curto prazo seja conter a pandemia e as medidas relacionadas, o foco mudará à medida que a curva se achatar e o Brasil for gradualmente reaberto. O número de vítimas provavelmente ficará entre os mais altos, a dívida interna agora está claramente em um caminho insustentável e a probabilidade de impeachment presidencial está em alta.
O Deutsche Bank espera que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil caia 6,2% neste ano e cresça 2,0% em 2021, prevendo uma queda de magnitude semelhante no consumo privado neste ano e mais do que o dobro em investimentos com o governo e com as exportações líquidas registrando um aumento moderado. Já a produção agrícola aumentará quase 3% – sendo este o ponto positivo.
As piores recessões da história do Brasil ocorreram em 1981 (crise da dívida externa, -4,3%), 1991 (hiperinflação e congelamento de ativos, -4,3%) e 2015 (instabilidade política e desalavancagem, -3,6%). Já para o dólar, a previsão é de que ele possa chegar a R$ 6,50.
Com sinais da pandemia sendo registrados somente a partir da segunda quinzena de março, o Deutsche Bank prevê um PIB no primeiro trimestre quase estável na base anual e uma queda de 11% no segundo trimestre.
O banco manteve a opinião de que uma recuperação em forma de “V” é improvável. Para a Selic, a expectativa é de queda da taxa básica de juros a 2,5% até o fim do ano, avaliando que a inflação deve fechar entre 1,5% e 2% em 2020. A expectativa é de revisão do déficit primário para 8,8% do PIB e avalia que a dívida pública deve exceder 90% do PIB até o final do ano.
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Outras projeções
Vale ressaltar que, na véspera, o Itaú cortou a projeção do PIB do Brasil para 2020 de queda de 2,5% para baixa de 4,5%.
Para 2021, projeção do PIB também foi cortada, de alta de 4,7% para 3,5%, devido à redução na estimativa de crescimento global, com a propagação do coronavírus ainda intensa e persistente no Brasil e maiores incertezas fiscais, que geram condições financeiras menos estimulativas para a atividade econômica.
Já a projeção do dólar passou para R$ 5,75 em 2020 e R$ 4,50 em 2021 (ante R$ 4,60 e R$ 4,15, respectivamente).
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A projeção de inflação foi de 2,7% para 2,0% neste ano e de 3,3% para 3,0% em 2021. A expectativa é de que a Selic terminará 2020 em 2,25% ao ano, ante estimativa anterior de 2,5%.
No mesmo dia, o banco Fibra revisou a projeção para taxa de câmbio média em 2020 e vê possibilidade de dólar acima de R$ 6. “Além dos fatores globais relacionados à pandemia da Covid-19 – que aumentam as incertezas globais valorizando a cotação do dólar e de algumas outras moedas consideradas ‘safe haven’ — fatores exclusivamente domésticos justificam nosso cenário de real estruturalmente fraco nos próximos anos, tais como o juro real baixo, baixa taxa de crescimento do PIB potencial e do PIB efetivo, fluxo cambial bastante negativo, piora nos termos de troca, além de ruídos provocados pelo próprio governo”, disse o Fibra.
O banco revisou a estimativa para a taxa de câmbio média em 2020 para R$ 5,46, ante estimativa anterior de R$ 5,39. Para o final do ano, o Fibra estima agora dólar cotado a R$ 5,75, ante estimativa anterior de R$ 5,50.
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“Reconhecemos viés para depreciação adicional por conta de fatores domésticos (ruídos políticos). Para os próximos meses especificamente, entendemos que o real pode inclusive ser negociado acima de R$ 6, já que as crises de saúde pública e econômica podem ser amplificadas por ruídos políticos”, afirmou o banco.
Para 2021, o Fibra projeta taxa de câmbio média de R$ 5,38 e final do ano em R$ 5.