BCs podem enfrentar inflação volátil nos próximos anos, diz Lagarde

Presidente do BCE destacou que a maioria dos BCs não conseguiu prever o recente aumento da inflação e que incertezas devem aumentar

Reuters

A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, chega parra reuniões do FMI e Banco Mundial em Washington, EUA - 18/04/2024 (Foto: Ken Cedeno/Reuters)
A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, chega parra reuniões do FMI e Banco Mundial em Washington, EUA - 18/04/2024 (Foto: Ken Cedeno/Reuters)

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Frankfurt (Reuters) – Mudanças profundas na economia mundial podem tornar a inflação volátil nos próximos anos, complicando esforços para controlar os preços, mas manter os regimes de metas ainda é a melhor opção, disse nesta sexta-feira (20) a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde.

Mudanças econômicas, desde a desglobalização e aumento do protecionismo até vastos avanços tecnológicos, têm intrigado economistas na última década, e a maioria não conseguiu prever o recente aumento da inflação, deixando bancos centrais atrás da curva, correndo atrás do prejuízo no esforço de controlar preços.

Lagarde, que assumiu o controle do BCE apenas alguns meses antes do início da pandemia da Covid-19, argumentou que um mundo mais incerto está por vir, o que demanda grande flexibilidade e não novos mandatos.

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“Se entrarmos em uma era em que a inflação é mais volátil e a transmissão da política monetária mais incerta, será essencial manter essa âncora profunda para a formação de preços”, disse ela em um evento do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington.

“Mas isso não significa que a forma como conduzimos a política monetária permanecerá a mesma.”
Uma das principais mudanças está relacionada ao domínio de grandes empresas no mundo digital, incluindo serviços em nuvem, comércio eletrônico, pesquisas na Internet e, possivelmente, inteligência artificial.

Empresas muito grandes dependem menos de financiamento externo e têm uma participação menor de mão de obra, portanto, são menos sensíveis às mudanças na taxa de juros e, consequentemente, reduzem a capacidade dos bancos centrais de orientar a economia.

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Uma reversão na globalização poderia ter efeito contrário, impulsionando os bancos centrais, se as empresas reduzirem suas cadeias por meio de “nearshoring” [relações comerciais com parceiros próximos geograficamente] ou “friendshoring” [relação com parceiros com valores compartilhados], argumentou Lagarde.

Estabelecer-se perto de casa também aumentaria as necessidades de capital, de modo que as empresas poderiam se tornar mais sensíveis às mudanças nos juros. “O aprofundamento do capital poderia aumentar a sensibilidade da economia às mudanças na taxa de juros, potencialmente aumentando a eficácia da transmissão monetária”, disse Lagarde.

O problema é que essas mudanças também podem vir acompanhadas de maior volatilidade da inflação, especialmente se as gigantes da inteligência artificial forem menos sensíveis à política monetária e as empresas voltadas à manufatura forem mais afetadas.

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A crescente participação das empresas de fintech nos empréstimos também aumentará os problemas dos bancos centrais.

Essas empresas são mais eficientes na concessão de crédito para a economia, mas também mais sensíveis do que os bancos regulares às mudanças no ambiente.

“Essa capacidade de resposta também significa que os empréstimos das fintechs podem ser mais pró-cíclicos em tempos de estresse, ampliando os ciclos de crédito e a volatilidade”, acrescentou Lagarde.

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