BC pergunta sobre ‘atenção’ no crédito e reoneração em pesquisa pré-Copom

Para economistas, inclusão da pergunta pode ser um aceno técnico — e não político — do BC ao governo, que vem criticando o patamar de juros no país

Estadão Conteúdo

Sede do Banco Central do Brasil, em Brasília (iStock)
Sede do Banco Central do Brasil, em Brasília (iStock)

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Em meio ao debate no mercado sobre uma ameaça de uma crise de crédito no Brasil, especialmente após os reflexos do rombo bilionário da Americanas (AMER3), o Banco Central inseriu no questionário pré-Copom de março uma pergunta sobre “pontos de atenção” para evolução do mercado de crédito em 2023 e possíveis efeitos em projeções sobre a atividade econômica.

A pergunta é feita em complemento ao tradicional pedido de expectativas para o mercado de crédito no ano. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que define a taxa básica de juros da economia brasileira (Selic), acontece nos dias 21 e 22 de março.

Algumas instituições financeiras já começaram a antecipar o cenário de cortes da Selic, citando o risco de uma crise de crédito em uma economia já em desaceleração, devido ao aperto monetário bastante significativo (a taxa está atualmente em 13,75% ao ano).

Para alguns economistas, a inclusão da pergunta pode ser um aceno técnico — e não político — do BC ao governo, que vem criticando duramente o patamar de juros no Brasil, de que o início da redução não está tão distante.

No questionário pré-Copom, o BC também pergunta sobre o impacto da reoneração parcial de combustíveis anunciada pelo governo federal no mês passado, assim como possíveis outras medidas que reverteriam a redução de impostos realizada no ano passado (como a que limitou a alíquota de ICMS praticada pelos estados sobre itens essenciais, como combustíveis, energia e telecomunicações).

O BC questiona o efeito potencial sobre o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o índice oficial de inflação do país, de 2023. Questiona também o que já está contemplado nas estimativas dos analistas participantes.

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No âmbito inflacionário, a autoridade monetária também pergunta, como tem sido de praxe, as projeções para o IPCA de 2023 e 2024, as razões pelas quais os analistas ajustaram as estimativas desde o último Copom, em fevereiro, e os riscos para uma mudança do cenário atual.

Também há pedidos de projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano e para o hiato do produto ao longo de 2024. No cenário externo, o BC quer saber as previsões para o PIB e a inflação da China, dos Estados Unidos e da Zona do Euro, assim como os riscos para esses indicadores e a evolução do ambiente desde o último Copom.