BC do Japão mantém os juros e ganha tempo para avaliar possível nova alta

Taxa foi mantida em cerca de 0,25%, depois de ter sido elevada em julho da faixa anterior, de 0% a 0,1%; BoJ está satisfeito com indicadores econômicos, mas quer mais tempo antes subir a taxa novamente

Roberto de Lira

Sede do Banco do Japão (BoJ) em Tóquio  - 18/03/2024 (Foto: Kim Kyung-Hoon/Reuters)
Sede do Banco do Japão (BoJ) em Tóquio - 18/03/2024 (Foto: Kim Kyung-Hoon/Reuters)

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O Banco do Japão decidiu nesta sexta-feira (20) manter os juros inalterados, após ter elevado a taxa em julho para cerca de 0,25%, da faixa anterior de 0% a 0,1%. O BoJ encerrou sua política de juros negativos em março, praticando seu primeiro aumento da taxa em 17 anos.

A decisão de sexta-feira foi unânime entre os integrantes do comitê e ocorreu no momento que o Partido Liberal Democrata, no poder, se prepara para eleger seu novo presidente na próxima sexta-feira, para suceder Fumio Kishida como primeiro-ministro do Japão.

Os indicadores econômicos até agora atenderam às expectativas do banco, disse o presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda, em entrevista coletiva após uma reunião de política monetária de dois dias. Ele ressaltou que o BoJ Japão aumentará as taxas de juros se a economia e os preços avançarem no caminho certo.

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Mas ele também disse que o risco de aumento da inflação devido a um iene fraco está diminuindo e que “agora temos mais tempo para avaliar” se é necessário mais aperto monetário.

Após o comentário, o iene enfraqueceu para uma zona de 143 em relação ao dólar americano, já que os participantes do mercado interpretaram isso como um sinal de que um aumento adicional da taxa virá mais tarde do que o esperado.

O aumento da taxa de julho, juntamente com os comentários de Ueda sobre um possível aumento adicional da taxa dentro do ano, pegou os participantes do mercado desprevenidos e fez com que o iene subisse, levando à maior queda do índice de ações Nikkei em um único dia no início de agosto.

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Após os rápidos movimentos do mercado, o vice-presidente do BoJ, Shinichi Uchida, disse que o banco não aumentaria mais as taxas até que os mercados recuperassem a calma, em uma aparente tentativa de tranquilizar os investidores.

Segundo a agência de notícias Kyodo, o BoJ entrar em um ciclo de política menos acomodatícia em meio à recente depreciação histórica do iene contrasta com outros grandes bancos centrais, que começaram a afrouxar seu controle monetário para apoiar o crescimento econômico.