BC diz que não hesitará em elevar a Selic, caso considere apropriado, diz ata

Segundo a ata da reunião da semana passada do Copom, no campo doméstico, o mercado de trabalho e a atividade econômica têm surpreendido e divergido do cenário de desaceleração projetado

Roberto de Lira

Prédio do Banco Central em Brasília - 11/06/2024 (Foto: Adriano Machado/Reuters)
Prédio do Banco Central em Brasília - 11/06/2024 (Foto: Adriano Machado/Reuters)

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O Comitê de Política Monetária (Copom) vê o cenário atual como desafiador, marcado por projeções mais elevadas e mais riscos para a alta da inflação, e reforça que “não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado”.

A informação está na ata da reunião realizada entre os dias 30 e 31 de julho, na qual mais uma vez optou por unanimidade em manter a Selic em 10,5% ao ano.

Segundo a ata da reunião, a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno da meta. “O Comitê se manterá vigilante e relembra que eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta.”

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Entre os motivos para os diretores do Banco Central manterem a cautela foram citados tanto aspectos internos como externos.

Segundo a ata, “no cenário doméstico, o mercado de trabalho e a atividade econômica, em particular o consumo das famílias, têm surpreendido e divergido do cenário de desaceleração previsto”, diz o texto.

Além disso, o Comitê destacou que houve nova elevação das projeções de inflação para o horizonte relevante de política monetária, apesar da nova elevação na trajetória da taxa Selic extraída da pesquisa Focus. E as expectativas de inflação apresentaram desancoragem adicional desde a reunião anterior.

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No lado externo, foi citado que a situação se mantém adversa, com incerteza sobre os impactos e a extensão da flexibilização monetária nos Estados Unidos.

Risco fiscal

O Comitê também reforçou na ata a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e na disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia. E que isso terá “impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade.”

O Copom destacou a percepção mais recente dos agentes de mercado sobre o crescimento dos gastos públicos e a sustentabilidade do arcabouço fiscal vigente, junto com outros fatores, vem tendo impactos relevantes sobre os preços de ativos e as expectativas.

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“O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, diz o texto.

“Políticas monetária e fiscal síncronas e contracíclicas contribuem para assegurar a estabilidade de preços e, sem prejuízo de seu objetivo fundamental, suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego.”