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Os ativos financeiros globais cresceram 10,4% em 2021, somando 233 trilhões de euros (cerca de US$ 240 trilhões). Com isso, a riqueza privada em todo o planeta avançou 60 trilhões de euros (US$ 61,7 trilhões), o equivalente a adicionar duas Zonas do Euro ao montante no período. Os dados são da 13ª edição do Relatório de Riqueza Global (“Global Wealth Report”), elaborado pela seguradora Allianz, que abrange a situação dos ativos e das dívidas das famílias de 57 países.
De acordo com o relatório, três regiões se sobressaíram no crescimento de ativos: Ásia, excluindo Japão (+11,3%), Europa Oriental (12,2%) e América do Norte (+12,5%). Como nos dois anos anteriores, essa última região permaneceu como a mais rica do mundo: os ativos financeiros brutos per capita atingiram o valor de 294.240 euros (US$ 303 mil), ante uma média global de 41.980 euros (US$ 43,2 mil) Na Europa Ocidental, o valor per capita de 109.340 euros (US$ 112,6 mil) foi 6,7% maior que no ano anterior.
Brasil
O total de ativos financeiro brutos das famílias no Brasil somou 2,567 bilhões de euros em 2021, 9,4% a mais que no ano anterior. Segundo a Allianz, esse aumento foi o mais modesto desde a crise financeira e ficou bem abaixo da média de 15,6% dos últimos dez anos. A riqueza líquida das famílias brasileiras cresceu 6%, atingindo 1,9 trilhão de euros.
Os ativos brutos per capita no País chegaram a 11.980 euros, o que o coloca no 40° posto entre os países do estudo, uma colocação abaixo da registrada um ano antes.
A razão para esse desempenho abaixo do esperado, segundo relatório, se deve à inflação: a renda disponível das famílias brasileiras deu sinais de enfraquecimento alguns meses antes de chegar aos mercados avançados. Como consequência, o Banco Central brasileiro começou a aumentar agressivamente as taxas de juros desde 2021.
Assim, os depósitos crescerem apenas 2,4% no ano passado e os ativos de seguros e previdência privada também sofreram, com um crescimento de apenas 3,3% (ante uma média de longo prazo de 10,6%). Por outro lado, o crescimento dos títulos registrou avanço mais forte, de 12,6%.
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Classes de ativos
O estudo aponta que mercado de ações global deu o maior impulso para a evolução da riqueza global, contribuindo com cerca de dois terços para o crescimento em 2021 e impulsionando os títulos como classe de ativos (+15,2%).
Já as novas poupanças tivera queda de 1% em 2021, para 4,8 trilhões de euros, mas ainda permaneceram 40% acima do nível observado em 2019. A composição da poupança também mudou um pouco: a participação dos depósitos bancários caiu para 63,2%, enquanto os títulos representaram 15,1% e os seguros e previdências privadas atingiram 17,4%.
Os depósitos bancários mundiais cresceram 8,6% em 2021, o segundo maior aumento já registrado (após o salto de 12,5% em 2020). Já os ativos de seguros e fundos de pensão apresentaram uma evolução mais fraca, subindo 5,7%.
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2022 desafiador
Segundo o relatório da Allianz, 2022 deve marcar um momento de virada, uma vez que a guerra na Ucrânia interrompeu a recuperação pós-covid-19 e causou inflação galopante, escassez de energia e alimentos e uma política de aperto monetário, o que tem pressionado economias e mercados.
Com isso, a previsão é que a riqueza das famílias sofrerá os efeitos dessa retração. O estudo diz que os ativos financeiros globais deverão recuar mais de 2% em 2022, no que será a primeira destruição significativa da riqueza financeira desde a grande crise financeira em 2008.
Pelas projeções, as famílias perderão um décimo de sua riqueza neste ano, em termos reais. Para complicar, em contraste com o a grande crise de 2008, que foi seguida por uma retomada mais rápida, as perspectivas no médio prazo são ruins. O crescimento nominal médio dos ativos financeiros deve ficar na casa dos 4,6% até 2025, em comparação com os 10,4% dos três anos anteriores.
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Para Ludovic Subran, economista chefe do Grupo Allianz, “2021 encerra uma era”. “Não apenas 2022, mas os próximos anos serão diferentes. A crise do custo de vida põe à prova o contrato social. Os formuladores de políticas enfrentam o imenso desafio de superar a crise energética, garantir a transformação verde e estimular o crescimento, ao mesmo tempo em que a política monetária pisa com força no freio”, afirmou.
Dívida
No final de 2021, a dívida global das famílias alcançou 52 trilhões de euros (US$ 53,3 trilhes), um aumento anual de +7,6%. Segundo a Allianz, a última vez que se registrou um crescimento acima desse patamar foi em 2006, bem antes da grande crise financeira global.
A alocação geográfica da dívida mudou desde a última crise. Enquanto a participação dos mercados avançados segue em declínio (a participação dos EUA, por exemplo, caiu dez pontos porcentuais, para 31% desde a grande crise), as economias emergentes respondem por uma parcela cada vez maior da dívida global, principalmente a Ásia (excluindo o Japão), cuja participação mais do que dobrou na última década, chegando a 27,6%.
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Patricia Pelayo Romero, coautora do relatório, classificou esse aumento acentuado da dívida logo no início de uma recessão global como preocupante. “Nos mercados emergentes, a dívida das famílias na última década aumentou com taxas de crescimento de dois dígitos, o que é mais de cinco vezes a velocidade observada nas economias avançadas”, comparou.
Ela pondera que, os níveis gerais de endividamento parecem administráveis, porém, devido aos fortes ventos contrários que esses mercados estão enfrentando em termos estruturais, há uma ameaça real de uma crise da dívida.