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BRASÍLIA, 1 Nov (Reuters) – O Banco Central avaliou que houve diminuição recente do grau de ociosidade da economia brasileira, conforme ata do Comitê de Política Monetária (Copom) publicada nesta terça-feira, acrescentando que o impacto defasado da política monetária aponta para um arrefecimento da atividade econômica, que tende a se acentuar à frente.
Na ata, o BC também demonstrou preocupação com o cenário fiscal do país em meio a uma ampliação de gastos permanentes do governo e incertezas sobre a condução das contas públicas em 2023, ressaltando que o cenário pode ampliar riscos e pressionar a inflação.
“O Comitê avalia que o aumento de gastos de forma permanente e a incerteza sobre sua trajetória a partir do próximo ano podem elevar os prêmios de risco do país e as expectativas de inflação à medida que pressionem a demanda agregada e piorem as expectativas sobre a trajetória fiscal”, disse.
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Segundo a ata, há vários canais pelos quais a política fiscal pode afetar a inflação, incluindo seu efeito sobre a atividade, preços de ativos, grau de incerteza na economia e expectativas de inflação.
A gestão Jair Bolsonaro promoveu forte ampliação de gastos do governo neste ano eleitoral, inclusive aprovando um estado de emergência para liberar despesas sociais por fora do teto de gastos.
Além de o atual governo já ter proposto no Orçamento de 2023 a continuidade de parte dos programas que impactam as contas públicas, como a desoneração de tributos de combustíveis, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva fez promessas para 2023, como a manutenção do valor do Auxílio Brasil em 600 reais por família.
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O documento do BC aponta que os dados de atividade indicam um ritmo de crescimento mais moderado na margem, mas cita a questão fiscal como fator de sustentação da economia.
“Por um lado, o ímpeto da reabertura da economia no setor de serviços e os estímulos fiscais ainda impulsionam o crescimento do consumo, embora esses impulsos devam arrefecer. Por outro, o impacto da política monetária e suas defasagens apontam para uma redução do ritmo da atividade econômica, que tende a se acentuar nos próximos trimestres”, afirmou.
Ainda em relação às contas públicas, o Copom reforçou mensagem do comunicado da reunião da semana passada, no qual incluiu avaliação de que há uma maior sensibilidade dos mercados a fundamentos fiscais, inclusive em países avançados, o que inspira maior atenção para países emergentes.
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O BC decidiu manter a Selic em 13,75% ao ano em reunião na semana passada, quando avaliou que a inflação continua alta apesar de reduções de preço concentradas em uma parcela dos itens, ressaltando que indicadores sinalizam um ritmo mais moderado de crescimento da atividade no país.
VIGILÂNCIA
A autoridade monetária reafirmou que se manterá vigilante, avaliando se a manutenção da taxa de juros nesse nível por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação para as metas.
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Segundo a ata, as projeções de inflação apresentaram leve aumento nos horizontes mais longos, refletindo revisões de alta para a inflação de preços livres no curto-prazo e pequena elevação na estimativa para preços administrados.
O BC ponderou, no entanto, que as projeções se mantêm em valores compatíveis com a estratégia de atingir o redor da meta ao longo do horizonte relevante, embora riscos sigam elevados.
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