Após recorde da 2ª feira, “dólar blue” argentino cai, seguindo cotações de “dólar financeiro”

Para ministro da Economia, Sergio Massa, especulação será reduzida com formalização de novo acordo com o FMI

Roberto de Lira

(Getty Images)
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Após a cotação do peso argentino em relação ao dólar no mercado paralelo (o famoso “dólar blue’) ter atingido o recorde de 552 na segunda-feira (24), os jornais locais informam que hoje já aconteceu uma queda de 16 pesos, para 536. A volatilidade tem aumentado junto com as dúvidas e críticas após o governo ter adotado uma série de medidas tributárias sobre as operações de câmbio no início da semana.

A explicação para a queda na cotação hoje foi dada pelo próprio o ministro da Economia, Sergio Massa, que também é pré-candidato à presidência da república. Em entrevistas aos canais de TV 9 e A24, ele lembrou que “o dólar informal segue a lógica do dólar financeiro”.

Os dólares financeiros são duas cotações paralelas (CCL e MEP). A primeira é muito utilizadas por empresários e investidores para a realização de trocas de pesos por dólares no exterior e a segunda se dá por meios eletrônicos.

“Nos últimos dias, o dólar se movimentou e hoje caiu muito. O dólar informal segue a lógica do dólar financeiro “, disse Massa ao Canal 9.  Ao A24, o ministro argumentou que certos agentes do mercado buscam “gerar instabilidade em outros mercados”.

Para ele, quando as finanças se estabilizarem, as especulações com o azul tendem a entrar em colapso e provavelmente o mesmo acontecerá amanhã. “Quando os dólares financeiros se estabilizam, há um momento em que a especulação contra o blue tende a ruir”, explicou.

Na entrevista, Massa destacou que, quando assumiu o cargo, o “gap” entre as cotações do “dólar blue” em relação ao financeiros estava em 150% e que esse diferença já caiu para 80, em média.

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O Ministério da Economia anunciou na segunda-feira uma série de medidas que aumentam os impostos aplicados à compra de dólares para poupança e pagamentos com cartão, acrescentando taxas diferenciais para o dólar na importação de serviços e para a importação de mercadorias.

O anúncio se seguiu a um pré-acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) no final de semana, considerado essencial para que o país obtenha dois desembolsos de recursos até o final do ano.

Falta apenas uma semana para o prazo de 31 de julho, dia em que a Argentina deve honrar pagamentos com o Fundo. Na mesma data, o conselho do FMI entrará em recesso.

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Segundo o jornal Clarín, O governo aposta em uma iminente trégua com o Fundo após decretar a desvalorização por meios das medidas tributárias. A expectativa é que a equipe feche o acordo técnico e o encaminhe à diretoria do FMI antes do final de semana, a fim de reduzir as incertezas sobre a continuidade do programa financeiro e o pagamento de US$ 3,5 bilhões nas próximas segunda e terça-feira.

Segundo Massa, o Fundo tem que cumprir suas etapas burocráticas, gerar um relatório e partir a aprovação por seu conselho de administração aprova. “Isso nos dará acesso a desembolsos muito importantes de agosto a dezembro. Permite tirar todas as incertezas que os vencimentos podem gerar”, afirmou.