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Economistas e instituições do mercado financeiro elevaram nesta sexta-feira, 19, as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. As modificações nas estimativas foram promovidas após a divulgação do Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br) de março e do primeiro trimestre deste ano.
Bradesco, MB Associados, Banco Pine, Austin Rating, Banco ABC Brasil e Santander Brasil são algumas das várias instituições que elevaram as projeções para o PIB após o anúncio do BC. Algumas casas divulgaram ajustes nas previsões para o crescimento na economia nos primeiros três meses de 2023 e outras anunciaram ajustes também para as expectativas do PIB do ano.
Conhecido como uma espécie de “prévia do BC para o PIB”, o IBC-Br serve mais precisamente como parâmetro para avaliar o ritmo da economia brasileira ao longo dos meses.
Os dados do IBC-Br
Na série com ajuste sazonal, o avanço do IBC-Br no primeiro trimestre de 2023 foi de 2,41% ante os três meses anteriores (outubro a dezembro), conforme o Banco Central. O crescimento de 2,41% na margem do IBC-Br no primeiro trimestre de 2023 é o terceiro maior para o período na série histórica do BC.
A expansão do IBC-Br no primeiro trimestre de 2023 só não superou o resultado em 2010 (3,52%) e 2004 (2,67%).
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Na comparação com o mesmo período de 2022, a elevação no primeiro trimestre de 2023 foi de 3,87% na série sem ajustes sazonais, informou o BC.
Em março ante fevereiro, o IBC-Br caiu 0,15%, na série livre de efeitos sazonais. Em fevereiro, na margem, a alta havia sido de 2,53% (dado atualizado nesta sexta-feira).
De fevereiro para março, o índice de atividade calculado pelo BC passou de 147,31 pontos para 147,09 pontos na série dessazonalizada. O resultado de março, mesmo com a queda, na comparação histórica é o segundo melhor desde março de 2014 (147,80 pontos), perdendo apenas para fevereiro de 2023. Já na comparação entre os meses de março de 2023 e de 2022, houve crescimento de 5,46% na série sem ajustes sazonais.
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No acumulado de 2023, o resultado do IBC-Br é positivo em 3,87%. Já em 12 meses até março, o crescimento é de 3,31%.
Bradesco
O Bradesco aumentou a sua projeção de crescimento do PIB brasileiro no primeiro trimestre, de 1,3% para 1,5%, devido ao desempenho mais forte que o esperado dos indicadores de atividade econômica de março.
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“O comércio varejista e o setor de serviços surpreenderam positivamente em março”, diz o banco, em relatório. “Esses resultados, somados ao bom desempenho da indústria e ao forte crescimento do setor agrícola, levaram a uma alta interanual de 3,9% no IBC-Br no primeiro trimestre.”
MB Associados
A MB Associados elevou a projeção para o PIB de 2023, de 1% para 1,3%, e para o PIB do primeiro trimestre, de 0,5% para 1,2%. A casa avalia que o dado do IBC-Br de março reforçou a perspectiva de desempenho melhor da atividade no começo do ano, associado ao momento favorável do agronegócio.
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“O carro-chefe certamente será o PIB da agropecuária, com alta de 8,3% no trimestre e pouco mais de 6% na comparação com o quarto trimestre de 2022”, escreve o economista-chefe da casa, Sergio Vale, em relatório.
Apesar do bom crescimento do setor agropecuário, a MB tem dúvidas se o quadro do primeiro trimestre deve se manter para o resto do ano. “O custo de crédito e as recentes dificuldades pós-Americanas colocam dúvidas para os setores industriais e de serviços esse ano, talvez ainda mais no caso do varejo.”
A casa alerta para a perspectiva ruim do nível de inadimplência de pessoa física, que vem “subindo com força” desde o ano passado. “Há chances de se ultrapassar os piores momentos da crise de 2015/16 com o agravante de que a piora no emprego ainda deve vir junto com juros elevados até o segundo semestre”, afirma Vale, que, tendo em vista o cenário do crédito, acredita que seja “difícil” uma recuperação “mais vigorosa” da economia ao longo deste ano.
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Banco Pine
O Banco Pine aumentou a sua projeção de crescimento do PIB brasileiro em 2023, de 1,0% para 1,8%, diante da avaliação de que a economia brasileira apresenta crescimento moderado no primeiro semestre. O cenário incorpora um crescimento de 2,0% na margem do PIB no primeiro trimestre, equivalente a 3,8% na comparação interanual.
“Para o segundo trimestre, nossas estimativas preliminares indicam moderada desaceleração da taxa trimestral de crescimento e, para o segundo semestre, retração da atividade”, diz o economista-chefe do Pine, Cristiano Oliveira, em relatório publicado nesta sexta-feira.
Segundo Oliveira, a expectativa de desaceleração da atividade no segundo semestre se deve ao impacto de condições financeiras apertadas no País, uma política fiscal menos expansionista do que no mesmo período de 2022 e a menor importância sazonal do setor agropecuário, que deve puxar a alta do PIB no primeiro trimestre. O economista prevê crescimento de 1,0% para a atividade em 2024.
Austin Rating
A Austin Rating subiu sua projeção para o PIB de 2023 de 0,7% para 1,4% após a divulgação do resultado de março do IBC-Br.
A divulgação do indicador do BC e dos três principais indicadores de atividade econômica – produção industrial, varejo e volume de serviços – acima do esperado pela Austin motivaram a revisão também dos dados do PIB do primeiro trimestre, de 1,4% para 1,6%, segundo o economista-chefe da casa, Alex Agostini.
“No nosso entendimento, a desaceleração global ia ser mais forte que o esperado a atividade econômica ia sofrer mais por conta dos efeitos mais intensos da Selic e não foi isso que aconteceu”, afirma o economista, citando que até mesmo o Banco Central avaliou, na ata da reunião de maio do Comitê de Política Monetária (Copom), que o crescimento do primeiro trimestre poderia ser “mais vigoroso”.
“O cenário internacional também ficou mais benéfico, não há tanta preocupação como no início do ano, ainda que os juros tenham subido na Europa e nos Estados Unidos, tanto que é o Real e outras moedas frente ao Dólar se fortaleceram”, complementa Agostini.
Banco ABC Brasil
O IBC-Br de março elevou de 1,3% para 1,5% a projeção do Banco ABC Brasil para o PIB de 2023, de acordo com o gerente do Departamento de Economia do Banco ABC Brasil, Daniel Xavier. Após o resultado, o tracker da instituição para o crescimento do PIB do primeiro trimestre também aumentou em 0,2 ponto porcentual, para 1,3%.
Xavier destacou o resultado acima do esperado do IBC-Br na comparação interanual, de alta de 5,46% – além da mediana do Projeções Broadcast, positiva em 3,90%. O desempenho levou ao crescimento de 2,41% para o índice do BC no primeiro trimestre de 2023, em relação ao quarto trimestre de 2022, e de 3,87%, em relação ao mesmo período do ano passado.
“Traduzindo para o PIB oficial, o dado sugere um número mais puxado do que o previsto anteriormente”, disse ele. “A composição também faz sentido. Quando olhamos as pesquisas setoriais do IBGE, elas também surpreenderam para cima em março, principalmente o varejo ampliado, que deixou carrego positivo 3,0%. Outro ponto foi a agricultura, com revisão para cima da expectativa de safra que já era recorde.”
Olhando adiante, o viés para atividade é flat ou levemente positivo, prevê o economista. Ele calcula que a média de crescimento do PIB entre os segundo e quarto trimestres deve ficar próxima de 0,1%. “Apesar da força maior que a atividade tem mostrado, a tendência continua de enfraquecimento, refletindo o efeito defasado das condições financeiras, a piora nas condições de crédito e o endividamento das famílias”, avalia.
Santander Brasil
O tracking de PIB do Santander Brasil passou a apontar crescimento de 1,2% do PIB do País na margem do primeiro trimestre, de 1,1% antes, após a divulgação do IBC-Br de março. O banco manteve a projeção de alta de 1,0% para a atividade no ano, mas passou a reconhecer um “leve viés de alta” na estimativa.
Em nota, o economista do Santander Gabriel Couto destaca que a queda de 0,15% do IBC-Br em março foi menos intensa do que indicava a projeção do banco (-1,1%). O resultado ficou abaixo da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, que sugeria alta de 0,30% para o índice, na série com ajuste sazonal.
“Embora a abertura do IBC-Br não seja divulgada pelo Banco Central, estimamos que a performance positiva da atividade no primeiro trimestre partiu sobretudo da contribuição de uma produção recorde de grãos da safra do verão 2022-2023”, afirma Couto.
O economista destaca que os resultados do varejo, serviços e produção industrial foram melhores que o esperado em março, com sinais positivos para a atividade. Em abril, Couto vê sinais mistos, devido aos dados de confiança apurados pela Fundação Getulio Vargas (FGV) ainda abaixo do nível neutro, de 100 pontos.