Analistas veem tendência de alta no rendimento médio dos trabalhadores no País

Redução da ociosidade no mercado de trabalho e descompressão de curto prazo na inflação explicam parte desse movimento

Roberto de Lira

Ilustração (Breakingpic)
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A taxa de desemprego no Brasil deve reduzir a desaceleração nas próximas medições, mas se manter abaixo dos níveis pré-pandemia. No entanto, analistas consideram que o rendimento médio deve apresentar uma tendência de alta. As projeções foram feitas após a divulgação, na manhã desta sexta-feira da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O indicador apontou que o desemprego no Brasil caiu para 8,9% no trimestre encerrado em agosto, um recuo de  0,9 ponto porcentual na comparação trimestral (entre março e maio estava em 9,8%), e de 4,2 p.p. na anual (de 13,1%).

Para a XP, o crescimento acima do esperado da atividade doméstica desde o início de 2022 tem permitido uma melhoria generalizada do emprego, apesar dos sinais de moderação no ritmo de alta no segundo semestre do ano.

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O relatório destaca que o rendimento médio real habitual cresceu 0,9% em agosto comparado a julho, quarto aumento consecutivo na margem. Para a XP, a redução da ociosidade no mercado de trabalho e a descompressão de curto prazo na inflação explicam grande parte dessa tendência de alta. Os analistas ponderam, no entanto, que o indicador ainda está cerca de 5,5% abaixo dos níveis registrados no final de 2019.

“Projetamos que o rendimento médio real continuará em trajetória ascendente nos próximos meses”, diz o relatório.

Para a taxa de desemprego, o cenário base da XP aponta que o Brasil encerrará 2022 com taxa de 8,5% (série com ajuste sazonal). “Porém, atribuímos um ligeiro viés de baixa para tal projeção. Estimamos uma taxa de desemprego média de 9,6% em 2022”, conclui.

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A análise do Itaú Unibanco coincide. Para o banco, tanto os dados do Caged -(divulgado na quinta-feira (29) – quanto da PNAD mostraram leituras fortes para o mercado de trabalho em agosto. A população ocupada, por exemplo, atingiu um recorde histórico de 99 milhões de pessoas e a massa salarial real efetiva superou os níveis pré-covid.

“No entanto, há alguns sinais de desaceleração do emprego, impulsionados pelo setor informal. Acreditamos que essa desaceleração continuará, com a taxa de desemprego atingindo 9,1% com ajuste sazonal no final do ano”, prevê o Itaú.

O BTG Pactual também destacou o aumento do rendimento médio com relação ao último trimestre. “A despeito da expectativa de estabilidade do desempenho dos indicadores agregados do mercado de trabalho, o rendimento real deve acelerar nos próximos meses, reduzindo a diferença com relação a recuperação do PIB nos últimos meses”, avalia o banco

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Esse avanço, segundo a análise deve decorrer da dissipação da inflação e do mercado de trabalho mais apertado. “A melhora do rendimento real deve beneficiar o consumo das famílias e afasta as possibilidades de desaceleração intensa da atividade econômica para o quarto trimestre”, diz o BTG.