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Um possível retomada mais forte da economia chinesa neste ano é a esperança dos analistas para que a produção industrial brasileira consiga recuperar um pouco de ímpeto em 2023. O dado divulgado hoje pelo IBGE mostrou que atividade fechou o ano passado em queda de 0,7%, após uma alta de 3,9% em 2021. Mas o próprio instituto reconheceu que o desempenho do ano retrasado se deu sobre uma base muito deprimida, após quedas de 1,1% em 2019 e de 4,5% em 2020.
Para o Banco Original, o cenário ainda é de contração para este ano, com projeção de queda de 0,2% na produção industrial doméstica. Porém, esse número pode ser revisto para cima diante das mudanças econômicas efetuadas pela China, pelo fim das rígidas regras de circulação de pessoas que predominaram durante quase três anos.
“A indústria mineral doméstica pode se beneficiar caso a indústria chinesa se mostre mais demandante, principalmente o minério de ferro, cobre e níquel”, comentou o banco em sua análise.
E foi exatamente a indústria extrativa que pesou negativamente na Pesquisa Industrial Mensal (PIM) que o IBGE divulgou hoje. Essa categoria retraiu 3,2% em janeiro em razão da menor produção de minério de ferro, enquanto a indústria de transformação apresentou alta de 0,3%.
Sob ótica das categorias, o único recuo veio dos bens intermediários (-2,1%). Para o Banco Original, a alta de 1,8% dos bens de capital, ou seja, dos bens utilizados na produção de outros bens, em confluência com a nova alta de 0,7% dos insumos típicos para a construção civil, alivia o cenário de contração do PIB de investimentos.
No entanto, a projeção é que o setor de construção civil tende a arrefecer em 2023, dada a possibilidade de os juros serem mantidos mais altos por mais tempo, o que encarece a obtenção de financiamentos, modalidade muito importante para o setor.
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A análise, pondera, no entanto, que uma recuperação é possível caso se confirme a intenção do novo governo de fomento à infraestrutura nacional e a aos programas de habitação, como Minha Casa, Minha Vida.
O BTG Pactual também vê possibilidade de uma ligeira recuperação da atividade industrial do grupo de Extração Mineral, pelo seu caráter não cíclico, por conta da recuperação da economia chinesa. Mas a tendência é de continuidade em 2023 do cenário de uma indústria mais enfraquecida, impactada negativamente pelo aperto das condições financeiras e pela deterioração do cenário global.
Mesmo com a expectativa de uma menor demanda entre os segmentos pesquisados, o BTG acredita numa maior resiliência em Bens Não Duráveis, “dada a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600, o aumento do salário-mínimo e possível desalavancagem das famílias a partir do programa Desenrola Brasil.”
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Para o primeiro trimestre de 2023, caso o setor não apresente crescimento, a indústria deve estável em relação ao 4° trimestre de 2023, mas a expectativa do BTG Pactual para o ano é de queda de -0,3%.
Duráveis e não-duráveis
Rodolfo Margato, economista da XP, destacou que a estabilidade da produção industrial na medição mensal em dezembro representou a quarta leitura não-positiva nos últimos cinco meses. Com isso, a indústria doméstica contraiu 0,5% no 4º trimestre em relação ao 3º trimestre de 2022, com ajuste sazonal.
Mesmo com esse desempenho fraco, no entanto, a abertura setorial da produção industrial em dezembro trouxe números um pouco melhores do que o esperado, disse o economista. “Três entre as quatro categorias econômicas avançaram na base de comparação mensal. Destaque para a expansão de 4,1% em bens de consumo duráveis, que compensou parcialmente a contração acumulada de 4,6% entre setembro e novembro”, comentou em relatório. A despeito disso, a categoria recuou 1,0% entre o 3º e o 4º trimestres, como reflexo do aperto das condições de crédito.
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Além disso, Margato argumentou que a recuperação da massa de renda real ampliada disponível às famílias, tanto pela elevação dos rendimentos reais do trabalho como pelas maiores transferências governamentais, tem fornecido alguma sustentação aos gastos com bens não duráveis.
Com os dados de hoje, o Tracker XP para o PIB do 4° trimestre aponta para queda sutil de 0,05% ante o 3° trimestre, com ajuste sazonal, o que seria compatível com uma taxa de crescimento de 3% em 2022.
“Por fim, prevemos que o PIB do Brasil avançará 1% em 2023. Esta projeção considera um salto de 8% no PIB da Agropecuária e um efeito de carrego estatístico de +0,4 porto porcentual vindo do PIB do último ano.”
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Gabriel Couto, economista do Santander, por sua vez, destacou que o desempenho da indústria foi desigual em dezembro. “De fato, 11 das 26 atividades industriais cresceram na margem, com o índice de difusão atingindo 42%”, afirmou.
Em termos de contribuição positiva, ele citou coque de petróleo e biocombustíveis (+0,35 p.p.), farmacêuticos (+0,21 p.p.), produtos metálicos (+0,20 p.p.) e confecção de vestuário (+0,18 p.p.). Na outra ponta, exerceram maior pressão os produtos alimentares (-0,36 p.p.) , metalurgia básica (-0,28 p.p.), máquinas e equipamentos (-0,18 p.p.) e outros produtos químicos (-0,17 p.p.).
Segundo o Santander, em termos trimestrais o resultado de dezembro implica um resultado de -0,5% para quarto trimestre e uma passagem de 0,0% para o primeiro trimestre de 2023. Para a manufatura, Couto calcula um resultado de -0,8% no 4° trimestre e um ‘carryover’ de +0,2% para os primeiros três meses de 2023.
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Já o Goldman Sachs vislumbra um carregamento nulo (0,0%) para o primeiro trimestre deste ano, uma vez que houve queda de 0,3% no terceiro trimestre e de 0,5% no quarto trimestre, em ermos anuais.
“No futuro, o setor industrial deverá enfrentar ventos contrários do impacto defasado de condições financeiras mais apertadas, retornos marginais decrescentes da normalização da atividade ‘pós-pandemia’, condições de crédito mais exigentes e demanda externa mais fraca. Do lado positivo, transferências fiscais significativas para as famílias devem amortecer a esperada desaceleração da atividade”, afirmo o banco de investimentos em relatório.
Para o Itaú, com os dados de hoje, o rastreamento do PIB do quarto trimestre atingiu -0,1% no comparativo trimestral com o ano anterior. “Olhando para frente, condições monetárias mais apertadas provavelmente restringirão a produção industrial”, diz relatório assinado por Natalia Cotarelli e Matheus Fuck.