Alta no varejo ampliado reduz chance de PIB negativo no 4º trimestre, dizem economistas

Vendas de veículos, motos e autopeças ajudaram o varejo ampliado em novembro; especialistas citam resiliência no consumo das famílias no final do ano

Roberto de Lira

(Shutterstock)
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Os dados divulgados nesta quarta-feira (17) pelo IBGE sobre o comércio varejista em novembro, aliados ao maior volume de serviços reportado ontem, reduziram o risco de que o resultado do PIB no último trimestre do ano tenha ficado no campo negativo, segundo projeções de economistas.

Eles ficaram positivamente surpresos com o avanço mensal de 1,3% no varejo ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças, material de construção e atacarejo de alimentos. O indicador restrito, que não inclui essas vendas, variou +0,1%, após queda de 0,3% em outubro.

A XP destacou em seu relatório a melhora acentuada das vendas de veículos e à melhoria nas atividades de autoatendimento (cash & carry) para alimentos e bebidas. “Além disso, os descontos mais fortes da campanha promocional da Black Friday, especialmente em produtos eletrônicos, favoreceram as atividades varejistas”, diz a análise.

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“Embora as taxas de crescimento registadas em novembro devam ser encaradas com cautela, dados os efeitos significativos da campanha da Black Friday e as oscilações nas vendas de veículos, dados recentes corroboram o cenário de resiliência nas despesas de consumo das famílias.”

Como também é esperada uma leitura positiva para dezembro, que corrobora as estimativas de manutenção dos gastos pessoais em bom nível, o XP Tracker para o PIB do 4º trimestre passou de -0,1% para estabilidade (0,0%), na comparação com o trimestre anterior.

Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank, concorda que a composição do índice em novembro pode ser considerada positiva. “Apesar de a principal surpresa positiva ainda ter sido o segmento de atacarejo, que passou a integrar a pesquisa mais recentemente e se mostra um índice muito volátil, quase todos os segmentos pesquisados vieram mais fortes do que o esperado, o que demonstra um crescimento generalizado do varejo no mês”, comenta.

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Para ele, esses dados, somados ao resultado também positivo do setor de serviços reduzem a chance de um PIB negativo no quarto trimestre de 2023. “Projetamos que o PIB tenha fechado o ano de 2023 próximo de 3,0%. Para a PMC, estimamos um crescimento de 2,9% em 2023 e ligeiramente menor (2,7%) em 2024. Já para o PIB, projetamos um crescimento de 1,5% neste ano.”

O Itaú destacou que seu indicador diário de atividade, o IDAT, aponta uma alta tanto no conceito restrito no varejo como no ampliado em dezembro, o que deve levar o 4º trimestre a mostrar uma nota positiva.

Para o Bradesco, o resultado de novembro mostra um varejo mais dinâmico do que o esperado, voltando a ganhar força na margem. “Nossa pesquisa empresarial indicava um resultado mais robusto em novembro, confirmado neste dado, e também sugere resultados fortes para dezembro. Com isso, reforçamos o cenário de um crescimento de 2,9% em 2023, impulsionado pelo consumo das famílias”, diz o banco

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O Bradesco prevê um consumo das famílias também com bom desempenho em 2024, com crescimento real da massa de renda e avanço do crédito.

Já o Goldman Sachs pondera que, ainda que as impressões mensais estejam muito voláteis, dada a introdução de uma nova amostra mais ampla de atividades, a estimativa é que a atividade varejista continue a se beneficiar de estímulos fiscais e de uma expansão sólida do rendimento disponível real das famílias.

O que pode mitigar um pouco essa projeção são as condições monetárias e financeiras internas restritivas, além dos níveis ainda elevados de endividamento das famílias.