Alta no preço do café reflete clima que afeta oferta do Brasil e do Vietnã, diz FAO

Documento indicou que os aumentos que são repassados aos consumidores tendem a durar mais tempo

Estadão Conteúdo

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O avanço nos preços do café se deve, em grande parte, às interrupções na oferta por causa das condições climáticas adversas nos principais produtores globais, o Brasil e o Vietnã, mostrou em relatório a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

Além disso, o documento indicou que os aumentos que são repassados aos consumidores tendem a durar mais tempo, mesmo com uma eventual queda das cotações no curto prazo.

“Infelizmente, 2024 foi a tempestade perfeita para impulsionar os preços do café, com condições climáticas muito ruins tanto no Brasil quanto no Vietnã”, disse El Mamoun Amrouk, economista sênior da FAO. Mais da metade da produção mundial de café vem dos dois países e a interrupção na produção tem um efeito direto nos preços, afirmou Amrouk.

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A seca prolongada no Vietnã causou uma queda de 20% na produção de café na safra anterior, que terminou em setembro de 2024, com pressão adicional de agricultores retendo a produção devido ao aumento dos preços internos. No Brasil, o clima quente e seco levou a repetidas revisões para baixo da safra, com as estimativas oficiais de produção passando de um aumento anual de 5,5% na temporada anterior para uma queda de 1,6%.

Preocupações com as condições climáticas adversas afetando as colheitas na safra atual tanto no Brasil quanto no Vietnã provocaram um aumento acentuado nos preços em novembro e dezembro. Os preços podem subir ainda mais este ano se os declínios significativos na produção persistirem nas principais regiões produtoras, alertou o relatório.

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O Vietnã relatou uma perspectiva positiva para sua colheita na nova safra. No entanto, o Brasil espera uma queda na produção, apesar de algumas boas condições climáticas recentes. As plantações de café continuam estressadas pela seca prolongada de 2024 e as primeiras previsões oficiais para a próxima safra indicam uma queda de 4,4%, segundo Amrouk.

Embora os problemas de oferta tenham sido o principal fator de suporte dos preços, outras notícias também estão no radar. No lado da demanda, o aumento no consumo global à medida que a economia mundial se recuperava da pandemia de coronavírus pressionou ainda mais o equilíbrio entre oferta e demanda, sustentando a alta nos preços. A demanda nos países desenvolvidos permanece inalterada, independentemente da dinâmica do mercado e dos preços, enquanto a demanda por café nos mercados emergentes cresce. O aumento constante nos custos de envio na primeira metade de 2024 também impulsionou o café.

A valorização das commodities se reflete nos preços ao consumidor. Evidências iniciais mostram que os preços do café nos EUA e na União Europeia subiram 6,6% e 3,8%, respectivamente, em dezembro de 2024, em comparação com o ano anterior, disse a ONU.

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“Aumentos que são repassados aos consumidores tendem a durar mais do que os preços internacionais. Então, os preços das commodities podem cair no curto prazo, mas os aumentos que foram repassados aos consumidores tendem a durar bastante tempo”, explicou Amrouk.

Os futuros de café arábica na Bolsa de Nova York subiram mais de 20% em 2025, até o momento, e mais do que dobraram ante o ano passado, atingindo um recorde de 438 cents de dólar por libra-peso em fevereiro. Fonte: Dow Jones Newswires