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Passados dois anos desde que o primeiro caso de infecção pela Covid-19 chegou a terras brasileiras, muita coisa mudou. A crise política, econômica e social que sacudiu o mundo todo fez com que todos os setores revissem suas práticas e é possível arriscar dizer (ou cantar) que “o futuro não é mais como era antigamente”.
Se por um lado organizações da sociedade civil, em um primeiro momento, enfraqueceram, a emergência que se impôs também ampliou a visibilidade das Organizações da Sociedade Civil (OSC) e a necessidade e importância da colaboração entre os setores públicos e privados na busca por um mundo melhor.
Dentre os casos recentes de colaboração no terceiro setor e relacionados ao enfrentamento da pandemia está o Fundo Emergencial para a Saúde, uma iniciativa colaborativa do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), o Movimento Bem Maior e a BSocial, que captaram, conjuntamente, R$ 40 milhões distribuídos para hospitais e santas casas de 25 estados brasileiros, fortalecendo a atuação do SUS. As organizações se juntaram numa força tarefa tanto para captar esses valores, quanto para fazer com que ele chegasse na ponta, gerando transformação social.
Outro caso emblemático é o Fundo Baobá, o primeiro e único fundo dedicado, exclusivamente, para a promoção da equidade racial para a população negra no Brasil. Criado em 2011, o Fundo Baobá é um exemplo de como colocar recursos na mão daqueles que, normalmente, não acessariam doadores tradicionais, vindo de uma organização do terceiro setor.
Mas, apesar dos bons exemplos, será que é tão simples assim? Como se dá a colaboração entre setores tão diferentes? Quais as responsabilidades de cada um? Por que é tão difícil agir em conjunto?
Segundo Erika Sanchez Saez, diretora-executiva do Instituto ACP, para que a colaboração funcione é preciso, antes de mais nada, fugir do clichê de “fazer tudo junto”. “Colaboração é aquela típica coisa que é muito fácil cair no clichê. Então você fala: vamos colaborar, vamos fazer junto, colaboração é importante… todo mundo vai falar: claro! vamos colaborar, vamos fazer junto. Mas a prática é bem diferente do discurso”, pontua.
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Sanchez Saez é autora da publicação Filantropia Colaborativa, que faz parte da série Temas do Investimento Social do GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas) e é a entrevistada da semana no podcast Aqui se Faz, Aqui se Doa! produzido pelo Instituto MOL com apoio do Movimento Bem Maior, Morro do Conselho Participações e Ambev, e divulgação do Infomoney.
De acordo com a diretora-executiva do Instituto ACP, é importante que cada organização reflita sobre o significado da colaboração, considerando o momento em que atravessa, quais as oportunidades e o que pode oferecer.
“Acho que a palavrinha chave aqui é governança. E a governança entendida como todos aqueles processos que definem como as decisões vão ser tomadas. Então, quando a gente vai colaborar com qualquer pessoa, e pode ser no setor social, pode ser em casa, pode ser em qualquer lugar, é importante, é saudável que a gente sentar e conversar sobre como a gente vai fazer isso, quem é responsável pelo o quê, como é que a gente toma decisões, quais decisões a gente toma junto, quais decisões a gente não toma junto?”, completa.