201 milhões de pessoas na América Latina e Caribe estão em situação de pobreza, diz Cepal

Número de pessoas em situação de extrema pobreza chega a 82 milhões, ou 13,1% do total da região, diz organização

Roberto de Lira

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Cerca de 201 milhões de pessoas, o equivalente a 32,1% da população, devem encerrar 2022 em situação de pobreza na América Latina e Caribe, sedo que o contingente de pessoas em situação de extrema pobreza chega a 82 milhões, ou 13,1% do total. As projeções foram apresentadas nesta quinta-feira (24) pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe ou Comissão Económica para a América Latina e o Caribe (Cepal).

Segundo a organização regional, estes números implicam que mais 15 milhões de pessoas estarão em situação de pobreza face à situação pré-pandêmica e que o número de pessoas em situação de pobreza extrema será 12 milhões superior ao registado em 2019. Os níveis de pobreza extrema projetados em 2022 representam um retrocesso de um quarto de século para a região, sublinha a Cepal.

O relatório “Panorama Social 2022”, divulgado hoje em Santiago (Chile), afirma que após um forte crescimento da pobreza e um leve aumento da desigualdade de renda em 2020, como consequência da pandemia do covid-19, 2021 registrou uma redução nos índices de extrema pobreza e pobreza e um crescimento dos estratos de renda média, que não foi suficiente para reverter totalmente os efeitos negativos da pandemia.

Especificamente em 2021, a taxa de pobreza na região atingiu 32,3% da população total (uma queda de 0,5 ponto percentual em relação a 2020), enquanto a taxa de pobreza extrema atingiu 12,9% do total (0,2 ponto a menos que um ano antes.

Como em anos anteriores, a CEPAL assinala que a incidência da pobreza é maior em alguns grupos populacional: mais de 45% da população infanto-juvenil vive na pobreza e a taxa de pobreza das mulheres de 20 a 59 anos é superior à a dos homens em todos os países. Da mesma forma, a pobreza é consideravelmente maior na população indígena ou afrodescendente.

Em 2021, a desigualdade de renda (medida pelo índice de Gini) diminuiu ligeiramente em relação a 2020 na América Latina, situando-se em 0,458, em níveis semelhantes aos de 2019. Entretanto, o desemprego projetado para 2022 representa um retrocesso de 22 anos, afetando sobretudo entre as mulheres, para quem o desemprego passou de 9,5% em 2019 para 11,6% em 2022.

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Para José Manuel Salazar-Xirinachs, secretário executivo da Cepal, a soma de choques externos, a desaceleração do crescimento econômico, a fraca recuperação do emprego e o aumento da inflação aprofundam e prolongam a crise social na América Latina e no Caribe.

“Não tem sido possível reverter os impactos da pandemia em termos de pobreza e pobreza extrema e os países enfrentam uma crise silenciosa na educação que afeta o futuro das novas gerações”, alertou.