Zee.Now: os próximos passos do app de entrega para pets, após ter sido comprado pela Petz

Enquanto lojas físicas da Petz podem servir como novos galpões para a Zee.Now, a Petz ganha um serviço próprio para entregas de última milha

Mariana Fonseca

Entregador da Zee.Now (Divulgação)
Entregador da Zee.Now (Divulgação)

Publicidade

SÃO PAULO – A pandemia do novo coronavírus esquentou o mercado de entregas em domicílio – e não apenas o de refeições ou de supermercado. Essa corrida se estendeu também para o mercado de produtos e serviços para bichinhos de estimação, com faturamento avaliado em R$ 40 bilhões no último ano, de acordo com o Instituto Pet Brasil.

Três grandes empresas do setor se capitalizaram durante a pandemia e colocaram digitalização entre suas estratégias: a PetLove tem o apoio do SoftBank, que investiu R$ 250 milhões no negócio em 2020. Já a Cobasi recebeu um investimento de R$ 300 milhões do fundo de private equity Kinea em abril deste ano. Por fim, a Petz optou pela captação pública: fez sua oferta pública inicial de ações (IPO) em setembro de 2020, movimentando mais de R$ 3 bilhões.

A Petz também protagonizou o mais recente grande movimento do setor: a compra da Zee.Dog por R$ 715 milhões. Um dos grandes atrativos da empresa é sua frente digital, evidenciada principalmente no aplicativo de entrega em domicílio Zee.Now.

Continua depois da publicidade

O Do Zero Ao Topo, marca de empreendedorismo do InfoMoney, conversou com o diretor geral do app para entender o modelo de negócio, o crescimento do delivery last mile para pets na pandemia e quais são os próximos passos da Zee.Now, após a união com a Petz.

Aplicativo de entrega para pets

A Zee.Dog foi criada por pelos irmãos Felipe e Thadeu Diz e pelo amigo de infância Rodrigo Monteiro em 2012. A marca começou por coleiras para pets produzidas no estilo fast fashion, com coleções trimestrais. Hoje, o negócio de acessórios para bichinhos de estimação vende seus produtos em 42 países.

Leia mais
Zee.Dog: Como três amigos de infância construíram a marca pet mais famosa do país, com faturamento de R$ 100 mi

Continua depois da publicidade

A Zee.Dog também expandiu para o segmento de serviços, inaugurando o aplicativo de entrega de produtos pet Zee.Now em agosto de 2019. “Após quase oito anos de negócio, a Zee.Dog percebeu que atuava em uma fatia pequena do mercado pet. Os acessórios representam apenas de 15% a 20% do mercado. A Zee.Now surgiu como um braço de tecnologia que tem, com o objetivo de fornecer um pet shop na palma de mão do usuário”, diz Bernardo de Luca, diretor geral da Zee.Now.

O app permite pedir alimentos, itens de higiene e medicamentos. De Luca explica que a Zee.Now tem três pilares: funcionamento inclusive em feriados; entrega em minutos aos clientes; e frete grátis em todas as compras.

Aplicativo da Zee.Now (Divulgação)
Aplicativo da Zee.Now (Divulgação)

“Outros aplicativos operam como marketplaces, conectando entregadores autônomos a pet shops. Mas precisamos de verticalização para que nossos três pilares se mantenham. Desenvolvemos o aplicativo dentro de casa, temos nossos sistemas de compra de produtos e de estoque, contratamos entregadores e montamos galpões para armazenar os produtos”, diz Luca.

Continua depois da publicidade

“Nosso principal diferencial é manter a qualidade de serviço, mesmo com escala. Isso significa que as entregas não atrasam, nem os produtos acabam quando o entregador chega ao estabelecimento”. Quando o usuário coloca seu CEP, automaticamente aparece o estoque do galpão mais próximo. O pedido sai da dark store para a casa do cliente, com raio de entrega reduzido e entregadores contratados pela Zee.Now.

O aplicativo cresceu com a pandemia do novo coronavírus, que provocou o isolamento social. “Quando lançamos o aplicativo, não sabíamos se ia funcionar. Mas o medo passou quando a base de clientes cresceu, e a retenção se manteve alta. Na pandemia, vimos uma nova explosão de clientes e de vendas nas primeiras semanas. De novo veio o medo de esses clientes não se manterem conosco. Mas a retenção do cliente de pandemia alcançou o mesmo nível do cliente pré-pandemia. As pessoas continuaram comprando mesmo agora, com níveis menores de isolamento”, diz Luca, sem abrir porcentagens de retenção.

Outro indicador é o de recorrência. Como a Zee.Now não cobra frete, os usuários realizam compras picadas de acordo com suas necessidades. Os clientes mais assíduos fazem até 90 pedidos por ano. “Quem tem um pet em casa costuma fazer uma compra a cada 45 dias. Na Zee.Now, essa média é menor”, afirma o diretor.

Continua depois da publicidade

A Zee.Now cresceu sete vezes em 2020. Nos últimos 12 meses, foi de duas para 14 cidades atendidas. O aplicativo considera volume de pedidos dos produtos da Zee.Dog, número de pet shops e densidade populacional antes de chegar a uma nova cidade. As próximas paradas são Brasília, Florianópolis, João Pessoa, Natal e Salvador. Assim, serão 19 cidades atendidas até o final de 2021.

União com a Petz

No começo deste mês, a Petz anunciou a compra da Zee.Dog por R$ 715 milhões, incluindo o aplicativo Zee.Now. Essa aquisição ainda aguarda aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A Petz tem 144 lojas, 35 delas abertas nos últimos 12 meses. O faturamento foi de R$ 1,9 bilhão no mesmo período.

Essa é a segunda aquisição da Petz. A primeira foi realizada em junho deste ano, com a compra da Cansei de Ser Gato. A empresa produz conteúdo e desenvolve produtos e serviços para os donos de gatos. Tanto essa compra quanto a da Zee.Dog fazem parte de uma meta da Petz: ser o melhor ecossistema do segmento pet até 2025.

Continua depois da publicidade

“A Petz acredita que a Zee.Dog seja a companhia que apresenta a maior complementariedade de competências e pontos de contato junto aos clientes do segmento”, escreveu a companhia em comunicado sobre a compra.

Felipe Diz, Thadeu Diz e Rodrigo Monteiro, continuarão a atuar como gestores da unidade de negócio Zee.Dog. A Petz terá aprendizados em como construir produtos de marca própria, especializada da Zee.Dog. Também poderá entrar no segmento de indústria, porque a Zee.Dog planeja lançar ainda neste ano a vertical Zee.Dog Kitchen, de comida natural para cães e gatos.

Mas ganhos também são vistos especificamente na chegada da Zee.Now. Enquanto lojas físicas da Petz podem servir como novos galpões para a Zee.Now, a Petz ganha um serviço próprio para entregas de última milha (last mile).

“São operações complementares. Enquanto a Petz fornece a experiência do contato com o produto por megastores, a Zee.Now fornece uma entrega prática sob demanda. O objetivo é que possamos operar com uma unificação de equipe e de custos fixos, de repente com a Zee.Now operando dentro das lojas da Petz. Mas esse é um plano de médio prazo. Arranjos físicos e de sistemas não acontecem de um dia para o outro”, diz Luca.

Entregador da Zee.Now (Divulgação)
Entregador da Zee.Now (Divulgação)

Próximos passos da Zee.Now

A marca espera crescer 2,5 vezes em 2021. A Zee.Now já representa 30% do faturamento do grupo Zee.Dog, estimado em R$ 228 milhões para este ano. “Mas não seria correto dizer que a Zee.Now vai faturar 30% disso. Essa projeção não levou em conta sinergias com a Petz, que podem descalibrar as porcentagens da frente de produto e da frente de serviços”, explica Luca. Em 2020, o faturamento da Zee.Dog foi de R$ 125 milhões.

A expectativa é que o aplicativo represente 50% do faturamento do grupo em 2022. Esse aumento de participação no faturamento deve ser acompanhado por uma expansão geográfica. A Zee.Now planeja chegar a 40 cidades até o final do próximo ano, e estuda inclusive uma expansão por franqueamento.

Já o ano de 2023 pode ser direcionado para a expansão internacional. “A Zee.Now ainda não está no exterior, mas essa ampliação está dentro do nosso planejamento. Como todo nosso desenvolvimento é próprio, é mais fácil fazer ajustes para operar em outros países”, diz Luca. Na Zee.Dog como um todo, a operação internacional já representa 30% do faturamento.

Mariana Fonseca

Subeditora do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre empreendedorismo, gestão e inovação. Coapresentadora do podcast e dos vídeos da marca Do Zero Ao Topo.