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Para a Solfácil, não basta defender a sustentabilidade para fazer os brasileiros optarem pela energia solar: é preciso fazer a parcela de um painel fotovoltaico custar o mesmo que a conta mensal de energia elétrica. A fintech de financiamento da energia solar anunciou nesta quarta-feira (11) ter recebido um cheque ambicioso para expandir essa proposta.
O aporte série C de US$ 100 milhões (R$ 500 milhões na época de assinatura do investimento) foi liderado pelo QED, fundo de venture capital especializado em fintechs que investiu em negócios como Loft e Nubank. A rodada foi acompanhada pela divisão de investimentos do conglomerado japonês de telecomunicações SoftBank (Contabilizei, Mercado Bitcoin) e pelas gestoras Valor Capital Group (Olist, Pipefy) e VEF (Creditas, Guiabolso).
A Solfácil já tinha captado uma rodada série A de US$ 4 milhões e uma rodada série B de US$ 30 milhões. Esta foi mais uma rodada de equity, trocando capital por participação. A Solfácil está neste momento captando uma rodada de dívida com uma instituição financeira, com valor ainda a definir.
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“Os recursos chegam para que nos tornemos o principal agente financiador do setor de energia solar. Assim vamos gerar ainda mais renda, através da economia de energia em longo prazo. Um sistema fotovoltaico dura mais de 20 anos”, afirmou o fundador Fábio Carrara em entrevista ao Do Zero Ao Topo, marca de empreendedorismo do InfoMoney.
Carrara fundou o negócio em 2018, após ter uma empresa que desenhava projetos e instalava painéis fotovoltaicos em estabelecimentos comerciais e residenciais. “Comecei nesse setor de energia solar quando apenas 300 clientes tinham a tecnologia, lá em 2015. Temos cerca de 1 milhão de unidades consumidoras gerando a própria energia solar hoje”, afirmou, citando um crescimento médio de 150% ao ano nos últimos cinco anos.
Mesmo assim, menos de 1% da população brasileira usa esse tipo de energia, segundo dados do ano passado da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). A penetração chega a 25% em países como a Austrália, de acordo com Carrara. “Temos um mercado gigantesco por aqui. A energia tradicional é muito cara e temos muito Sol, então o custo do nosso sistema fotovoltaico é competitivo. Em outros países, você precisa de mais placas para gerar a mesma quantidade de energia, e então o financiamento precisa ser feito em vários anos. Acredito que seremos a maior empresa de acesso para a energia solar no maior mercado do mundo para esse setor.”
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A Solfácil atua por meio de um modelo B2B2C. Agentes locais de projeto e instalação de painéis visitam consumidores, mostram kits solares de diversos fornecedores por meio de um marketplace empresarial e fazem orçamentos para o kit escolhido com instalação, já com opção de financiamento. A Solfácil tem 8 mil agentes parceiros.
Os consumidores podem ser agricultores, pessoas físicas e pessoas jurídicas de pequeno porte – a Solfácil afirma servir 90% do mercado mirando tais públicos. O investimento em um painel fotovoltaico fica entre R$ 20 mil e R$ 30 mil para a pessoa física e entre R$ 75 mil e R$ 100 mil para a pessoa jurídica. A conta de luz costuma ser de R$ 300 a R$ 400 para as PFs que a Solfácil atende, enquanto as PJs costumam gastar entre R$ 2 mil a R$ 3 mil por mês.
“Nossa persona de pessoa física é uma família com quatro pessoas de classe C. Essa família mora em uma região quente, usa ar-condicionado e precisa do nosso financiamento para ter o próprio painel fotovoltaico”, descreveu Carrara.
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Os consumidores costumam pagar pelo painel num prazo de cinco a seis anos, com uma parcela mensal similar ao valor que seria pago na conta de energia elétrica tradicional. A Solfácil se monetiza por meio dos juros cobrados em seu financiamento e por meio de uma comissão cobrada dos fornecedores a cada venda feita em seu marketplace. O dinheiro para conceder financiamentos vem de fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs), com oferta pública restrita para investidores qualificados (Instrução CVM 476).
A fintech atendeu mais de 40 mil consumidores desde 2018, acumulando uma carteira de mais de R$ 1,2 bilhão em financiamentos. Assim, já está próxima dos grandes bancos no nicho de financiamento para a energia solar. Um estudo feito pela consultoria no mercado de energia solar Grenner mostra que 54% das vendas de painéis fotovoltaicos foram feitas por meio de financiamento bancário. A Solfácil foi a terceira maior financiadora no primeiro semestre de 2021, atrás de BV e Santander. “Buscamos assumir a liderança em 2023”, afirmou Carrara.
O primeiro objetivo com o novo investimento é justamente fornecer mais financiamentos: a Solfácil comprará mais cotas subordinadas de seus FIDCs e investirá em mais agentes parceiros e iniciativas de marketing.
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Outro objetivo é aprimorar o marketplace. “Vamos expandir nossa rede de fornecedores e acelerar nossas entregas”, afirma Carrara. Por fim, a Solfácil lançará no segundo semestre deste ano a primeira versão dos seus sensores de monitoramento de painéis solares, por meio de internet das coisas (IoT). “O sensor envia alertas sobre desconexão e produção abaixo do esperado. Queremos que eles permitam fazer uma manutenção remota dos painéis fotovoltaicos, economizando custos com deslocamento e permitindo um pós-venda melhor.”
A Solfácil cresceu sua receita em oito vezes na comparação entre 2020 e 2021. O plano é crescer a receita em cinco vezes na comparação entre este ano e o ano anterior, chegando a 100 mil clientes. O capital já está em mãos. Agora, falta a estratégia funcionar, e a previsão ser de muito Sol.