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Dono de 60% dos unicórnios e com US$ 8 bilhões em investimentos na América Latina, o grupo Softbank vai aumentar o volume de recursos, mudar a estrutura e o comando do fundo destinado à região, segundo fontes próximas ao conglomerado japonês. No total, agora serão US$ 10 bilhões voltados a empresas latino-americanas de tecnologia. Historicamente, o Brasil concentra 65% dos aportes na região.
Com investimentos em 80 empresas, como Rappi, Nubank, Banco Inter e Gympass, o fundo também deixa de ser uma operação independente e passa a ser integrado ao Vision Fund, o veículo de investimentos internacional do grupo, com US$ 140 bilhões sob gestão. A ideia é que a região receba entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões em capital ao ano.
Além disso, o brasileiro Alex Szapiro e o mexicano Juan Franck tornam-se sócios-gestores da operação. O também brasileiro Paulo Passoni e o queniano Shu Nyatta, que ocupavam os cargos, deixam o Softbank. O presidente do fundo latino-americano será o francês Marcel Combs, que assume o cargo após a saída do fundador Marcelo Claure.
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Para fontes próximas ao Softbank, as mudanças são internas e terão pouco efeito prático. Os US$ 10 bilhões continuam carimbados com destino à America Latina – considerada um “celeiro de oportunidade” para a indústria de venture capital, que são os fundos que investem em empresas em estágio inicial ou em fase de crescimento.
De acordo com pessoas ouvidas pelo Estadão/Broadcast, é uma solução de continuidade, já que Szapiro já comandava o fundo no Brasil e Franck estava à frente do México, países que têm os ecossistemas para empresas nascentes de tecnologia mais desenvolvidos da região.
Outro indício de que a região continua tendo relevância para o Softbank seria o fato de que o fundo já teria fechado negócios no valor de US$ 250 milhões nos três primeiros meses do ano. Diversos acordos estariam em fase final e devem ser anunciados em breve. Para uma das fontes, agora dentro da estrutura do principal fundo do Softbank, a região poderia disputar inclusive mais recursos.
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Por trás das mudanças, está a reestruturação do fundo latino-americano após à saída de Claure do Softbank, em janeiro. Nascido na Bolívia, ele foi o idealizador do projeto, lançado em 2019. Convenceu Masayoshi Son, fundador de um dos mais bem-sucedidos grupos de investimento em tecnologia de todo o mundo, de que a região na qual poucos prestavam atenção merecia um olhar especial.
Conseguiu um cheque de US$ 5 bilhões e criou o braço que apostou em campeões como Kavak, Creditas e Mercado Bitcoin, entre muitos outros. Foram aplicados US$ 3,5 bilhões em 48 empresas que, em julho de 2021, já tinham valor de mercado de US$ 6,9 bilhões. A taxa de retorno em moeda local foi de 103% no período.
Ruídos
Segundo o New York Times, os desentendimentos começaram quando Claure quis ser remunerado à altura por serviços prestados, como ter resolvido a oferta de ações do problemático WeWork. Teria pedido compensação de US$ 2 bilhões – o que não pegou bem na matriz. Ao mesmo tempo, Claure teria disputas com o indiano Rajeev Misra, CEO do Vision Fund. Sem chegar a um acordo, deixou o grupo. E isso teria aberto o caminho para Misra incorporar o fundo latino-americano.
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O Softbank perdeu 43% de seu valor de mercado no último ano. Com o aumento dos juros nos EUA e a guerra na Ucrânia, muitos investidores tiraram seus recursos de empresas de tecnologia e colocaram o dinheiro em opções mais seguras, como títulos do tesouro americano e commodities. Além disso, um dos principais investimentos do Softbank, o Alibaba, perdeu valor após o governo chinês proibir empresas do país a abrir capital no exterior. A gigante do comércio eletrônico estava em vias de fazer sua oferta inicial nos EUA.
Assim, seria um movimento natural a operação latino-americana ser incorporada ao fundo global, em vez de se levar adiante o spin-off – ou criação de uma empresa independente – como Claure teria chegado a propor. Procurado, o Softbank não respondeu a pedido de entrevista.